Browning (no centro): zzzzzzzzzzzzzzzzz
Virou moda fazer filmes obscuros que remetem aos contos de fadas. Transformados em superproduções nem sempre as obras funcionam, mas esse longa de Julia Leigh optou por um tom mais intimista, só que muito mais estranho. Beleza Adormecida nem chega a ter uma história, mas uma espécie de espiadela nas fantasias da diretora. O roteiro conta a história de uma universitária que topa qualquer serviço para resolver os problemas com o aluguel. Cansada de ficar sem dinheiro e prestes a ser despejada ela vê no jornal uma oferta de emprego misteriosa e aceita a empreitada. Nem ela sabe direito o que deve fazer, sabe apenas que servirá alguns homens endinheirados, hora como garçonete, ora como outra coisa e por poucas horas de serviço ganhará $250,oo. Eu não sei se é para ser reconfortante ou apenas estranho quando desde o início a sua nova patroa deixa claro que não haverá "penetração" por parte dos clientes. O fato é que ela será dopada para ficar num quarto com algum cliente, sujeita à companhia e carícias deles sem se dar conta do que está acontecendo. O filme foi cultuado em alguns festivais (como Cannes/2011 que o indicou à Palma de Ouro), mas o filme não tem nada demais. É arrastado, confuso e tão apático quando sua protagonista. Ainda não digeri muito bem que aquela garotinha promissora de Desventuras em Série (2004) tenha se tornado uma atriz tão inexpressiva e que escolhe filmes pautados na exploração mais gratuita de sua sexualidade. Emily Browning já fez isso em Sucker Punch (2011) - o pior filme de Zack Snyder - e agora aprofunda ainda mais essa pose de objeto neste aqui. Sua personagem, Lucy, só consegue causar irritação pela forma superficial como lida com a própria sexualidade. Diante de tudo que acontece ela consegue apenas ser superficial e sua personagem termina da mesma forma que começa. Durante o lançamento internacional do filme, Leigh dizia ter se inspirado mais no livro Memórias de Minhas Putas Tristes de Gabriel Garcia Marques do que na história da Bela Adormecida. Além disso ajudou a complexificar sua história vendida como um olhar sobre o "desejo masculino", sobre a "superficialidade das relações carnais" e que "o foco era sobre a velhice". Sinceramente, ela deveria estar falando de outro filme (e de outros livros). Beleza Adormecida é no máximo decepcionante. Podem me acusar que sou ignorante demais para entender suas simbologias, que o verdadeiro filme se constrói na cabeça do espectador, mas a verdade é que o filme padece de uma preguiça fora do comum ao imaginar que a fetichização de uma garota basta para prender a atenção. Apesar de ter concorrido a 25 prêmios internacionais, se ele também cansar a sua beleza você pode até cochilar assistindo, talvez aí você descubra a origem do título.
Beleza Adormecida (Sleeping Beauty/Australia-2011) de Julia Leigh com Emily Browning, Les Chantery, Eden Falk, Rachael Blake e Michael Dorman. ☻
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