Holland: Aranha como manda o figurino.
Tudo começou quando a Marvel não tinha dinheiro para bancar os seus filmes e vendia seus personagens para os grandes estúdios. Um deles foi o Homem-Aranha, que fez muito dinheiro nas mãos da Sony quando Sam Raimi era responsável pelos filmes e tinha Tobey Maguire na pele de Peter Parker e do herói aracnídeo. Depois de três filmes que fizeram bonito na bilheteria (mesmo com o terceiro sendo espinafrado até hoje), os ânimos se desentenderam e uma repaginada foi realizada. Com Andrew Garfield na pele de Parker/Aranha, O Espetacular Homem-Aranha prometia mundos e fundos e tudo foi por água abaixo já no segundo filme (o horroroso A Ameaça de Eletro). Diante da pressão dos fãs, a Sony começou a reconsiderar a ajuda da Marvel para colocar a carreira cinematográfica do herói novamente nos eixos. Assim, Homem-Aranha: De Volta ao Lar (com trocadilho, por favor) marca o retorno do herói para as mãos de sua editora e o resultado tem muitos acertos. O filme acerta em não matar o tio Ben novamente ou apresentar as transformações no corpo de Peter por conta de ser picado por uma aranha radioativa, ciente de que o público está cansado de conhecer essa parte da história, o filme opta por mostrar algo que o cinema sempre deixava de lado: a identidade do herói como adolescente. Se os filmes da Marvel sempre optam por fazer os filmes com gêneros diferentes, De Volta ao Lar é o filme de adolescentes com o selo do estúdio. Inspirado totalmente nos filmes do mestre John Hughes (o filme torna explícita a inspiração citando o clássico Curtindo a Vida Adoidado/1986 várias vezes). Outro grande acerto fica por conta de escalar Tom Holland para viver o herói. Elogiadíssimo por sua atuação em O Impossível/2012, o jovem ator tem 21 anos mas convence como adolescente, seja em suas inseguranças da idade ou a mania teen de se julgar indestrutível - é justamente este ponto que o faz se meter numa grande encrenca que perdura por todo o filme, afinal, ele cruza o caminho de um ladrão mais habilidoso que a maioria. Este vilão é vivido por Michael Keaton, conhecido nos quadrinhos como o Abutre, o vilão também passa por uma repaginada e surpreende ao se tornar um dos melhores vilões da Marvel no cinema. Seu personagem é tão cheio de mesquinharias que se torna convincente exatamente por conta disso (e tem a promessa de retornar em breve). Outro destaque do elenco é Marisa Tomei, que muita gente estranhou por ser uma Tia May mais jovial do que nunca (embora a atriz tenha 52 anos muito bem vividos), mas que além de ser alvo de olhares calorosos, ela deixa claro desde a primeira cena o seu zelo pelo sobrinho. Nesta mistura de filme teen com heroísmo, o diretor Jon Watts tem muitos elementos para dar conta, mas consegue fazê-lo evitando ao máximo repetir o que já vimos nos filmes anteriores. Watts faz um que pode não ter o sabor de novidade, mas que inova ao se concentrar justamente no herói aprendendo a lidar com seus poderes, fama e impaciência de sempre esperar o chamado para se juntar aos Vingadores depois do que vimos em Capitão América: Guerra Civil (2016). Porém, nem tudo é perfeito, me incomodou o excesso de referências aos Vingadores (como se o personagem não tivesse condições de segurar nosso interesse sozinho). Entendo que o Homem de Ferro (Robert Downey Jr.) tenha um apelo paternal ao personagem, que o Capitão América (Chris Evans) seja uma celebridade, mas por vezes o aranha surge demais à sombra destes ídolos. No entanto, não é nada que impeça Homem-Aranha: De Volta ao Lar de ser divertido e trazer novo fôlego para o personagem no cinema.
Keaton: o Batman Birdman Abutre.
Homem-Aranha: De Volta ao Lar (Spider Man: Homecoming/EUA-2017) de Jon Watts com Tom Holland, Michael Keaton, Robert Downey Jr., Marisa Tomei, Jon Favreau, Zendaya, Tony Revolori, Laura Harrier e Donald Glover. ☻☻☻
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