Pitt e Scarlett: a verdade do vilão.
Não há como negar que Ghost in The Shell (1995) é um filme absolutamente cult. O clássico anime inspirado na obra de Shirow Masamune inspirou vários filmes de ficção científica (incluindo Matrix/1999) e vivia rodeado de boatos de que teria uma versão em carne e osso, mas ninguém tinha coragem de tirar o projeto do papel. Eis que a estrela Scarlett Johansson declarou ter interesse em ser a protagonista que os estúdios logo deram forma ao filme. Nem vou entrar na discussão sobre whitewashing - por tornar brancos personagens japoneses, porque acho que todo mundo sabe o motivo maior de Scarlett estar no alto dos créditos junto com outros atores americanos. A ideia poderia ser até aproveitada na história sobre identidade e tudo mais, porém, curiosamente, o maior problema do filme é que ele não sabe se abraça a obra que se inspira ou se torna um filme de ação americano. Dirigido por Rupert Sanders, o filme é um deleite visual, pena que não veio acompanhado com um roteiro à altura. Ele perde um tempo danado extraindo o básico da história original e explicando tudo o que acontece diversas vezes, girando a narrativa em torno do mesmo ponto cansativamente. Sendo assim, falta suspense e mistérios para instigar o espectador a acompanhar a jornada de Major (Scarlett) até o fim. Major Miria Killian é uma android com cérebro humano - resultado de um noto tipo de experiência dos laboratórios Hanka, um modelo que está prestes a ser bastante difundido na tentativa da humanidade lidar com a sua fragilidade. O ponto principal seria os dilemas de Miria em lidar com um corpo diferente do corpo que habita e os sacrifícios que precisa fazer para viver em sua nova forma. Paralelo a isso, ela precisa encontrar um hacker que ameaça a humanidade ao poder controlá-los graças às partes tecnológicas que possuem. Trata-se de uma ideia genial, que faz ainda mais sentido com o fascínio que a tecnologia exerce sobre os seres humanos (que utilizam celulares a todo instante como se fossem partes de seus corpos e mentes), mas o filme decepciona por trazer soluções simplistas para algo que poderia ser muito mais explorado. Nem adianta colocar a premiada Juliette Binoche para dar credibilidade ao que o roteiro diz, ou colocar Michael Pitt em visual impressionante para ser um vilão que se revela mais parecido com Major do que ela imagina. Ironicamente quanto mais a protagonista se aproxima de sua origem, mais a história se distancia do que poderia ter sido. O resultado acaba sendo uma ficção científica superficial em sua necessidade de tiros e explosões a cada vinte minutos, assim, A Vigilante do Amanhã é um belo espetáculo visual, mas disperso e esquecível - e a culpa nem é de sua estrela. Talvez um diretor mais arrojado (escalar o responsável pelo pífio Branca de Neve e o Caçador/2012 nunca me pareceu uma boa ideia) teria feito toda a diferença, somente ele poderia deixar Batou (o bom ator dinamarquês Pilou Asbaek) tão de lado na história... A Vigilante do Amanhã se distancia bastante do anime e parece mais um remake feminino futurista do Robocop/1987 original - e, mesmo assim, sai perdendo.
Batou (Pilou Asbaek): de lado.
A Vigilante do Amanhã (Ghost in the Shell/EUA-2017) de Rupert Sanders com Scarlett Johansson, Juliette Binochhe, Pilou Asbaek, Michael Pitt, Chin Han, Takeshi Kitano e Peter Ferdinando. ☻☻
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