Holly: construindo a verdade que dói.
Darcy Baylor é uma assistente administrativa do estado da Georgia. Aos cinquenta e poucos anos ela tenta não perder o emprego e suportar a intensa onda de calor da região (além de cuidar de seu jardim em meio às restrições no uso de água). Darcy também se considera um "espírito livre", tendo dificuldades para lidar com romances e ainda carrega a tristeza da morte prematura do filho. Embora tente demonstrar que já superou a morte do rapaz, tudo cai por terra quando ela descobre que um amigo do filho está fazendo uma verdadeira fortuna com venda de hot-dogs com uma ideia que era inicialmente do falecido. Baylor decide então ir ao encontro do tal amigo traíra e fazer justiça à memória do filho, mas no meio do caminho irá descobrir mais do que desejava sobre o seu menino de ouro. Tempo Estranho está longe de ser uma obra-prima, na verdade, ele mal chega a ser original, mas tem alguns pontos positivos. Um deles é sua ambientação no calor sulista dos Estados Unidos, com muito suor e pouca água, num ambiente bastante interessante para as mágoas e segredos de seus personagens. Outro ponto positivo é a presença de atrizes realmente comprometidas com o trabalho, a começar por Holly Hunter, que raras vezes pode estar tão à vontade com seu sotaque sulista (da própria Georgia). Hunter explora as camadas de Darcy com um destemor notável, partindo de tudo o que a personagem tem de exagerado para revelar toda a dor que se esconde abaixo deste disfarce superficial, a personagem se enriquece aos poucos ao descobrir que o filho era uma pessoa bem diferente do que ela imaginava, ou talvez, pelo caminho, apenas aceite o que antes se recusava a enxergar - e esta é a parte mais interessante da história. Neste ponto, até o físico da atriz casa perfeitamente com a personagem, conjugando força e fragilidade em cada cena. Outro destaque do elenco é Carrie Coon, que já está entre as atrizes mais interessantes da atualidade, Carrie está segura em cena e nada intimidada de encarnar a voz da consciência da protagonista. São as duas que compensam algumas irregularidades na condução da diretora Catherine Dieckman, que sobrecarrega o filme de algumas ideias que simplesmente não seguem em frente. Dieckman ficou famosa fazendo clipes da banda R.E.M. (ela dirigiu "Stand" e "Shiny Happy People") e depois de trabalhos na TV chega ao seu quarto filme na direção amparada por bons atores que fazem um roteiro esquemático ser até interessante.
Tempo Estranho (Strange Weather/EUA-2016) de Catherine Dieckman com Holly Hunter, Carrie Coon, Kim Coates, Walker Babington, Turner Crumbley e Shane Jacobsen. ☻☻☻
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