John Cho e Haley Lu: a arquitetura de uma amizade.
Columbus é o tipo de filme independente que atrai o público por divulgação boca a boca. Não possui um roteiro muito elaborado, grandes reviravoltas, perseguições, explosões, efeitos especiais ou super heróis para salvar o mundo, sua história se desenvolve em torno de dois personagens que conversam a maior parte do tempo sem pressa de nada. Ou seja, trata-se do tipo de filme que fica pouco tempo em cartaz e que provavelmente a maioria das pessoas nunca ouvirão falar. No entanto, quem se aventurar em assisti-lo irá encontrar um filme bastante diferente dos outros que estão em cartaz, já que se trata de uma história de amizade que tem a arquitetura como elo entre os dois personagens principais. Tudo começa quando o coreano Jin (John Cho) recebe o comunicado de que seu pai sofreu um AVC e encontra-se em coma num hospital na cidade de Columbus, no estado de Indiana (EUA), localidade na qual iria dar uma palestra na Universidade. Jin está ali por uma mera formalidade, já que seu relacionamento com o pai, especialista em arquitetura, nunca foi dos mais próximos. Ele passou anos na Coreia do Sul e não vê a hora de retornar, mas uma amiga da família, Eleanor (Parker Posey), insiste para que fique ao lado do pai até que descubram o que o futuro reserva. O que melhora a inquietação (e o mau humor) de Jin é a companhia de Cassey (Haley Lu Richardson), jovem que ele conhece por acaso (e que pretendia assistir a palestra). Cassey é recém-formada, trabalha na biblioteca da universidade em que estudou e demonstra grande paixão pelas construções opulentas da região - as mesmas que Jin observa com tanta indiferença. Embora Cassey pareça tranquila com a vida que leva, aos poucos percebemos que existem promessas dela alcançar voos mais altos, mas para isso ela precisa decidir seguir seu próprio caminho, mas para isso teria que se mudar para longe da mãe que atravessou alguns problemas pessoais recentemente. Estes são ingredientes que o roteiro utiliza para gerar uma dinâmica interessante entre os personagens, enquanto Jin começa a se tornar mais tranquilo com os passeios e visitas às construções apresentadas por Cassey, Cassey começa a ficar ter questionamentos sobre o destino que se auto impôs. O filme de estreia do diretor Kogonada no mundo da ficção é visualmente um deleite, já que sempre busca os ângulos mais interessantes das construções exibidas, valorizando também a interação das construções com a natureza local (árvores, flores, rios), personagens, luzes e sombras, o que confere ao filme uma estética bastante atraente - e termina sendo ainda mais valorizada pelo uso econômico da trilha sonora. O melhor é que o diretor também é competente na condução dos atores, conduzindo atuações marcantes de John Cho, Haley Lu e Parker Posey em atuações mais introspectivas do que estamos acostumados a vê-los. O cineasta ficou famoso em sua produção de vídeos sobre cinema, além de ter participado de um documentário sobre a obra do texano Richard Linklater - o que explica muito o seu cinema ancorado em diálogos simples no desenvolvimento sem pressa dos personagens. Columbus pode não ser um filme inesquecível, mas consegue ser marcante justamente por nos fazer contemplar o que a maioria dos filmes não costuma valorizar em sua arquitetura narrativa. Tanto esmero rendeu ao filme três indicações ao Independent Spirit 2018 (melhor filme de estreia, melhor roteiro de estreia e melhor fotografia) e quatro indicações ao Gotham Awards (melhor atriz/Haley Lu Richardson, diretor revelação, melhor roteiro e prêmio da audiência). O filme está em cartaz em pouquíssimas salas, portanto, se ficou interessado, se apresse!
Columbus (EUA-2017) de Kogonada com John Cho, Haley Lu Richardson, Parker Posey, Rory Culkin e Michelle Forbes. ☻☻☻
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