quinta-feira, 14 de junho de 2018

CICLO DIVERSIDADESXL: O Monstro no Armário

Jessup: drama adolescente e surrealismo. 

Premiado em vários festivais de cinema (inclusive o prestigiado Festival de Toronto), O Monstro do Armário é um filme que explora a sexualidade de seu personagem de uma forma diferente. Não satisfeito em abordar um adolescente que começa a entender um pouco mais sobre seus próprios desejos, o filme de estreia do canadense Stephen Dunn utiliza toques surreais para aprofundar um trauma de seu protagonista. O resultado consegue ser bastante curioso. Quando ainda era pequeno e voltava para casa, Oscar presencia um ato de violência que ganhou os noticiários locais. Se tratava de um menino que saia da escola e foi violentado. Ao chegar em casa o pequeno Oscar comentou com o pai sobre o que viu e, lhe foi explicado que a "justificativa" para o ato hediondo era de que a vítima era homossexual. O pai não faz ideia do efeito daquela explicação na mente do menino, que na adolescência começará a sentir dores físicas, náuseas e alucinações, sempre que algum rapaz despertar seu interesse. Embora Oscar tenha uma grande amiga, Gemma (Sofia Banzhaf) seu interesse por ela é completamente diferente do que sente pelo colega de trabalho, Wilder (Aliocha Schneider) e... você pode imaginar o que acontece. Connor Jessup (que ficou conhecido por seus trabalhos nas séries American Crime e Falling Skies) tem um trabalho convincente na pele de Oscar, explorando o mal estar do personagem diante de um desejo proibido e encontrando um equilíbrio complicado entre o rapaz comum que, em alguns momentos parece estar enlouquecendo (ou você acha normal um adolescente ouvir a voz de um hamster e ter alucinações com um vergalhão?). Dunn utiliza vários elementos típicos da adolescência no filme: trabalho, escola, medos, festas, inseguranças e planos para o futuro se misturam no roteiro que ganha uma forma colorida e ágil nas mãos do diretor. A trilha sonora espera também ajuda a manter o filme num ritmo fluente, sem perder de vista os momentos mais tensos do roteiro. Boa parte da tensão do filme acontece em torno do relacionamento de Oscar com o pai (Aaron Abrams), um sujeito afetuoso, mas também agressivo e complicado de lidar. Os dois parecem ter um relacionamento, mas que está sempre por um fio a desmoronar.  Por utilizar elementos surreais e destacar a relação entre pai e filho, O Monstro do Armário demonstra um diferencial diante dos outros filmes sobre adolescentes que lidam com a sexualidade, especialmente quando explora o tom de horror que a homossexualidade pode receber em ambientes preconceituosos e intolerantes. 

O Monstro do Armário (Closet Monster/Canadá - 2015) com Connor Jessup, Aaron Abrams, Aliocha Schneider, Sofia Banzhaf, Joanne Kelly e Isabella Rossellini. ☻☻☻

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