Sandra e Jodie: gata e rata espertas.
Enquanto assisti a primeira temporada do seriado britânico Killing Eve, eu apenas me culpava por não ter descoberto a série antes. Me contentei em me desculpar justificando que num mundo com tantas séries interessantes, sempre pagamos o preço de deixar algumas para depois. Também atrapalha um pouco quando a série está em um serviço de streaming que você até então não dava a mínima atenção. Disponibilizada pela GloboPlay, Killing Eve já tem disponível a primeira e a segunda temporada por aqui - enquanto os fãs aguardam ansiosamente a terceira temporada (e espero que saia logo, já que enrolei bastante para terminar a segunda temporada, mas... já terminei). Um dos pontos que despertaram maior interesse pela série foi a então desconhecida Jodie Comer receber o Emmy de melhor atriz em série dramática pela sua personagem Villanelle. Uma serial-killer de aluguel (isso existe, produção?) que começa a chamar a atenção do MI6. Embora seus crimes pareçam isolados em lugares distintos da Europa, ela chama atenção de Eve Polastri (Sandra Oh que ficou famosa mundialmente com seu papel na cultuada Grey's Anatomy, mas que eu conheço desde a época em que era a senhora Alexander Payne), uma funcionária do serviço burocrático da agência que começa a tecer relações entre os crimes, que ninguém até então imaginava serem cometidos pela mesma pessoa. Eve acaba sendo recrutada por Carolyn Martens (Fiona Shaw) para comandar um grupo capaz de encontrar Villanelle, além de descobrir quem utiliza seus serviços. Daí em diante o que temos é uma trama imprevisível que insere elementos variados no que poderia ser um tradicional jogo de gato e rato. Nesta jornada tudo pode acontecer, um personagem de destaque pode se tornar o próximo morto num piscar de olhos, assim como a intensificação do jogo de sedução entre Eve e Villanelle. Desde o início é perceptível a admiração e atração que a vilã exerce sobre a agente e a coisa complica cada vez mais conforme a assassina se nutre desta admiração. Com uma reviravolta em cada capítulo, a primeira temporada de Killing Eve é viciante e faz você devorar os oito episódios rapidinho. Com suspense, drama e doses certeiras de humor negro, a criação de Phoebe Waller-Bridge (também criadora e protagonista da aclamada Fleabag) acerta em cheio. No entanto, a segunda temporada perde boa parte do humor e da cadência cheia de energia para desenvolver um pouco mais os efeitos que a primeira temporada causou nas vidas de suas protagonistas (afetando todos que estavam por perto). Eve começa a ter impulsos cada vez mais perigosos (e o casamento vai de mal a pior) enquanto Villanelle deixou de ser a assassina misteriosa de outrora para cuidar de, digamos, situações menos importantes. Embora não seja tão empolgante como a temporada de estreia, a segunda torna as protagonistas ainda mais complexas, sem deixar de enfatizar aquele olhar arrepiante que Jodie Comer utiliza quando está prestes a eliminar mais um personagem. Embora o elenco esteja em ótima sintonia, Jodie tem papel realmente fundamental no sucesso da série. Ao construir uma personagem tão sedutora quanto perigosamente escorregadia, cada passo de Villanelle é aguardado com grande ansiedade por Eve e a plateia que a acompanha.
Killing Eve - Temporada 1 (EUA - Reino Unido - Itália / 2018) de Phoebe Waller-Bridge com Sandra Oh, Jodie Comer, Fiona Shaw, Sean Dalaney, Owen McDonell, Kim Bodnia, David Haig, Susan Lynch e Kirby Howell-Baptiste. ☻☻☻☻☻
Killing Eve - Temporada 2 (EUA - Reino Unido - Itália / 2018) de Phoebe Waller-Bridge com Sandra Oh, Jodie Comer, Fiona Shaw, Sean Dalaney, Owen McDonell, Kim Bodnia, Edward Bluemel, Nia Sosanya e Henry Lloyd-Hughes. ☻☻☻☻
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