Jon, Jeff e Cynthia: ninguém é o que parece.
Um grupo de pessoas se encontram num hotel decadente e alguns deles escondem suas verdadeiras identidades (e intenções) para se hospedarem ali... esta premissa está longe de ser original, mas quando bem utilizada pode render uma trama muito interessante. Ao que a primeira cena indica, existiu um crime relacionado com aquele hotel e seus desdobramentos serão inevitáveis ao longo das mais de duas horas de duração de Maus Momentos no Hotel Royale. Ao que se vê, os anos '70 estão longe de ser a glória daquele estabelecimento, no entanto, ele mantém a curiosidade da construção ser metade localizada no estado de Nevada e a outra metade na Califórnia. Esta peculiaridade aparece em uma linha divisória vermelha que cruza a construção, assim como estabelece a decoração de cada parte de sua arquitetura. A ideia rende alguma tiradas engraçadas sobre as características de cada estado, mas nada que sobreviva ao início da história. O hotel hospedará o padre Daniel Flynn (Jeff Bridges) e a discreta Darlene Sweet (a ótima Cynthia Erivo), assim como o vendedor de aspirador de pó Laramier Sullivan (Jon Hamm). Tão logo o jovem recepcionista Miles (Lewis Pullman, filho de Bill Pullman) começa a atendê-los, uma jovem misteriosa (Dakota Johnson) aparece para colocar ainda mais segredos na trama. Não cabe dizer muito o que acontece a partir daqui, já que o mistério é parte fundamental para o interesse na trama. Posso adiantar que o cineasta mexicano Drew Goddard (diretor do sucesso inesperado O Segredo da Cabana/2012 e indicado ao Oscar pelo roteiro de Perdido em Marte/2015) demonstra mais uma vez por narrativas truncadas, cheia de idas e vindas, cenas revisitadas por pontos de vistas diferentes, digressões aparentemente sem muito sentido e uma mudança constante no foco da narrativa. Mais uma vez o diretor constrói uma grande pegadinha, já que dois crimes se misturam à própria história do hotel - que já possui sua cota histórica de segredos a serem trabalhados. Vale ressaltar que Drew também filma bem. Sabe como utilizar os cortes, os planos e um tom sério quando necessário, prova disso é quando envereda por uma clássica linguagem noir no momento em que os personagens se encontram. No entanto, a coisa perde um pouco de fôlego quando entra na trama o personagem de Chris Hemsworth. Nada contra o Thor e seu abdômen trincado sempre à mostra, mas o filme caminhava muito melhor antes de seu personagem ganhar destaque na história. Seu personagem destoa de todo resto e o roteiro acaba inventando coisa demais para resolver durante a projeção. Ainda assim, Maus Momentos no Hotel Royale ainda demonstra ter estilo e qualidades suficientes para envolver a plateia nos segredos de seus personagens que nunca são o que aparentam, assim como os próprios filmes do cineasta.
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