Patrick e seus colegas: momento ingrato.
Stephen King é sempre um nome que agrega curiosidade sobre qualquer filme que apareça no radar da maioria das pessoas que curtem cinema, tenho até uma amiga que pensava que King nem era escritor, mas diretor dos filmes em que apareciam o seu nome Se King fosse realmente o diretor dos filmes em que seu nome aparece, ele seria um cineasta bastante irregular e, só para lembrar, bastou ele dirigir somente um filme (Comboio do Terror/1986) para perceber que era melhor ele continuar sendo apenas escritor. Campo do Medo é o terceiro longa baseado em sua obra lançado somente este ano. A direção ficou a cargo de Vincenzo Natali, que apesar do nome é um americano nascido em Detroit e que possui algumas obras bastante interessantes no currículo (Cubo/1997, Splice/2009 e vários episódios da série Hannibal), além de um senso estético bastante apurado em comparação com outros diretores chegados a um filme de terror. O problema é que em Campo do Medo o diretor parece ter ficado intimidado com a premissa de um autor tão famoso e deixou o filme um tanto cansativo. Seria até irônico dizer que o filme fica dando voltas em torno de si mesmo, já que a história é assim mesmo, mas o longa nunca cresce para se tornar envolvente ou instigante, mesmo quando tenta, acaba parecendo um tanto ridículo ao perder qualquer sutileza na hora de criar sustos ao espectador. Ou seja, quando era para ficar mais aterrorizante, ele apenas piora, o mais curioso é que ele piora quando o rosto mais conhecido do elenco recebe mais destaque na história. O filme começa com um casal viajando de carro, a mulher (a brasileira Laysla de Oliveira) está grávida e diante do enjoo provocado pela viagem, eles param na margem da rodovia. Escutam o grito de socorro de uma criança vindo de um matagal. Não existe ninguém por perto, veem apenas uma lanchonete abandonada há tempos e uma igreja cheia de carros empoeirados na porta. Quando o casal resolve entrar no matagal, os dois acabam se perdendo e, diante das tentativas de se reencontrarem, se perdem ainda mais, deparando com um verdadeiro enigma. Acho que é um SPOILER dizer que roteiro se embaralha tempo e espaço ao longo de sua duração ao acrescentar outros personagens que aparecem ao longo da sessão, um destes é Patrick Wilson na pele do pai do tal menino perdido. Não tenho dúvidas de que Patrick é um bom ator e, por conta de seus trabalhos em Invocação do Mal (2013) e seus derivados, ele se tornou um rosto bastante popular entre os fãs de terror. No entanto, o que o roteiro faz aqui com o seu personagem é uma maldade, afinal, quando ele cresce na trama o filme precisa lidar com o risco de tornar-se cada vez mais ridículo com as reviravoltas bruscas que acontecem. Não ajuda muito o filme ser ambientado a maior parte do tempo no meio do mato e alguns personagens mudarem de temperamento o tempo inteiro (e quem conhece Stephen King sabe que o melhor de seus livros reside justamente nestas mudanças, mas aqui, falta habilidade para o filme lidar com este elemento). No meio de toda esta presepada, quem se sai melhor é o pequeno Will Buie Jr., que consegue ser sinistro em uma cena e vulnerável logo em seguida sem desafinar. Campo do Medo está bem longe de ser uma das minhas adaptações favoritas do autor, mas serve para passar o tempo se você não dormir no meio do caminho do final previsível.
Campo do Medo (In The Tall Grass / Canadá - 2019) de Vincenzo Natali com Patrick Wilson, Will Buie Jr, Laysla de Oliveira, Avery Witted e Harrison Gilbertson. ☻☻
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