Armie Hammer: o problema não é o desodorante...
Armie Hammer é um caso curioso de Hollywood. O rapaz frequentemente sempre aparece em duas listas distintas de Hollywood, em uma delas é considerado um dos atores mais bonitos do cinema atual, na outra é um dos maiores pé-frios de Hollywood. Parece que o fracasso comercial é uma espécie de maldição dos filmes que tem seu nome no alto dos créditos. É verdade que ele teve um respiro benevolente com Me Chame pelo Seu Nome (2017), mas não demorou para suas produções seguintes não alcançarem o sucesso almejado. Se por um lado ajuda que seu novo trabalho seja lançado pela Netflix, por outro, ter o filme traduzido para Contato Visceral no Brasil pode ser um problema... A sorte é que Hammer é um cara esperto e está atento aos diretores que estão em alta e podem lhe render um trabalho interessante, aqui por exemplo ele trabalha com Babak Anvari - que construiu o interessante Sob a Sombra (2016) em seu clima de terror doméstico cheio de simbologias. O problema é que Anvari investe aqui numa história um tanto confusa, que mais sugere do que constrói uma estrutura realmente envolvente ou assustadora. A trama gira em torno de um bartender de Nova Orleans (Hammer) que numa noite normal de trabalho se depara com um celular esquecido em uma mesa. Em busca de encontrar o dono, ele se envolve numa estranha espiral de acontecimentos envolvendo mortes, sacrifícios e ocultismo. Esse vínculo entre tecnologia e o desconhecido não é uma novidade, já vimos em sucessos como O Chamado (2002) e os trablhaos mais cults de David Cronenberg (que mostra-se um influência fortíssima para Anvari na estética deste filme). O problema é que embora o filme explore a interessante ideia do fascínio pela imagem produzida e compartilhada por celulares, a ideia fica um tanto travada no relacionamento do casal vivido por Hammer e Dakota Johnson - e convenhamos que os dois estão um tanto desgovernados em seus personagens em seus ciúmes e dilemas pessoais. O filme se torna cada vez mais esquisito e cansativo, perdendo aos poucos o que havia de mais interessante. O tom sinistro aparece aqui e ali, mas explode mesmo é no final em uma cena enigmática estranhíssima que promete ficar na cabeça do espectador por algum tempo. Infelizmente, o que o filme oferece até ali não empolga.
Contato Visceral (Wounds / Reino Unido - 2019) de Babak Anvari com Armie Hammer, Dakota Johnson, Zazie Beetz, Karl Glusman, Brad William Henke e Ben Sanders. ☻☻
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