domingo, 16 de janeiro de 2022

#FDS Rumo ao Oscar: King Richard

Richard (Will Smith) e sua família: métodos controversos. 

Tão logo começaram as apostas para o Oscar 2022, eu afirmei que sentia um cheirinho de Oscar para Will Smith na próxima cerimonia. Afinal, o ator é um dos mais populares de Hollywood, já rendeu muito dinheiro para os estúdios e, caso seja indicado, este será seu terceiro reconhecimento junto à Academia, mas que até agora nunca lhe rendeu uma estatueta. Faz um tempinho que o astro já percebeu que figuras reais são o seu ponto forte quando se trata de cair no radar da Academia e ao produzir este filme sobre a importância do pai, Richard Williams, na carreira das tenistas Venus e Serena Williams, o ator acertou em cheio. A ideia do patriarca torná-las mais do que atletas, mas verdadeiras estrelas do esporte ocorreu quando ele assistia o French Open no final dos anos 1970 e traçou um plano detalhado para que duas de suas meninas se tornassem verdadeiras potências do tênis. O mais interessante é que as pessoas que esperam um paizão convencional e amoroso irá se surpreender com a pessoa que irá encontrar por trás do sucesso da dupla. Sim, Richard é amoroso, mas adepto de métodos pouco convencionais para que suas filhas aprendam valores que lhe são caros, ao ponto de deixá-las em uma loja e ir embora sem maiores explicações ou fazê-las ver filmes até que respondam perguntas sobre ele da forma que ele deseja. Se existe carinho e obstinação nesta história existe, também, um pouco de tirania na forma como lida não apenas com a família, mas também com a carreira das filhas (pelo menos no início como o filme apresenta), afinal, a forma como ele lida com os treinadores das filhas é contra a exploração que elas possam vir a sofrer, mas também tem doses consideráveis rabugice. No entanto, Will Smith consegue conciliar estas camadas quase antagônicas de seu personagem o tornando bastante coerente, especialmente quando relata fatos do seu passado que foram marcantes na construção de sua personalidade. Sorte das filhas que contam com uma mãe do porte de Brandy Williams (Aunjanue Ellis) para, de vez em quando, chamar Richard de volta à realidade e fazê-lo ver os sentimentos de quem está ao seu redor. Só pela história, além das performances de Smith e Ellis (ambos cotados para os prêmios da temporada), o filme já merecia atenção, mas conta ainda com as talentosas Saniyya Sidney e Demi Singleton na pele (respectivamente) de Venus e Serena adolescentes e (mais do que) convincentes quando treinam e pisam nas quadras. Embora o diretor Reinaldo Marcus Green pudesse ter optado por uma narrativa mais enxuta (manter o ritmo por quase duas horas e meia é uma tarefa difícil), ele consegue contornar este problema com o bom trabalho junto ao elenco (que ainda conta com Tony Goldwyn e Joe Bernthal como os treinadores das meninas) e oscilações entre as tensões que a família vivencia, seja pela realidade violenta do bairro, as primeiras experiências como esportistas ou nas pendengas familiares mesmo. Particularmente acho o desfecho do filme muito sem graça, o que acaba diminuindo a voltagem do longa até que subam os créditos ao som da canção tema de Beyoncé e arquivos da carreira das tenistas. Seja como for, ao viver um personagem tão cheio de camadas (e com muitas outras que acabaram ficando de fora do texto final do roteirista Zach Bailyn - como os filhos fora do casamento), Will Smith tem sua grande chance de levar para casa seu primeiro Oscar no dia 27 de março. Depois de uma temporada nos cinemas brasileiros, o filme está disponível no HBOMax.

King Richard: Criando Campeãs (King Richard/EUA-2021) de Reinaldo Marcus Green com Will Smith, Saniyya Sidney, Demi Singleton, Aunjanue Ellis, Joe Bernthal e Tony Goldwyn. 

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