sexta-feira, 14 de janeiro de 2022

#FDS Rumo ao Oscar: Bar Doce Lar

 
Ben e Tye: a melhor relação do filme. 

Começando o ano em meio à ressaca de janeiro, o que mais se fala sobre cinema são as apostas para o Oscar que se aproxima (os indicados serão divulgados dia 08 de fevereiro) e vários filmes que disputam uma vaga na disputa da estatueta dourada já estão disponíveis em serviços de streaming no Brasil. Neste #FimDeSemana irei comentar três longas que já aparecem nas primeiras premiações do ano e que devem cair nas graças da Academia em breve. O primeiro deles é o novo filme dirigido por George Clooney, que após sua parceira com a Netflix em O Céu da Meia-Noite (2020) agora aparece no Prime Video com The Tender Bar, filme que apesar da expectativa ganhou pouco mais do que a simpatia da crítica com sua adaptação do livro com traços biográficos de J.R. Moehringer. O filme começa com o menino J.R. (Daniel Ranieri) ao lado da mãe (Lily Rabe) morando com os avós e o tio (Ben Affleck). Para JR o pai não é mais do que uma voz que ele escuta no rádio (e uma promessa de proximidade que nunca se concretiza). Se a vida do menino poderia ser pura melancolia, ele tem uma família afetuosa que serve para alegrar seus dias, com destaque para um tio que cumpre muito bem as vezes de figura paterna em seu cotidiano. Tio Charlie administra o bar que dá título ao filme, que sob o nome de Dickens abriga mais do que bebidas, mas livros variados (que sempre são indicados para a leitura do sobrinho). A relação entre Charlie e J.R. é a mais calorosa do filme e constrói uma energia irresistível sempre que surge. Por seu trabalho como tio Charlie, Ben Affleck  aparece em vários prêmios do ano na disputa de ator coadjuvante e se ficar de fora no Oscar será de fato uma injustiça, já que aqui o ator apresenta seu trabalho mais leve e afetivo. Vale lembrar que Affleck tem um Oscar na estante pelo roteiro de Gênio Indomável (1997) e outra como produtor de Argo (2012), seu Oscar de Melhor File que não lhe rendeu indicação ao Oscar de direção (ou de ator). Affleck nunca foi indicado ao prêmio por uma interpretação (e até seu irmão Casey tem uma estatueta em casa). Ben constrói aqui seu personagem mais de carne e osso, não vive momentos heróicos ou de grandes estripulias, mas consegue compor uma figura imponente que torna palpável a influência que possui sobre o sobrinho (que ao crescer sonha em ser escritor (e passa a ser interpretado por Tye Sheridan, bom ator mas que não tem nenhuma semelhança com o menino que o interpretava na infância). Quando JR chega na adolescência ele vai para a faculdade, arranja um emprego, começa a beber e começa a ter suas primeiras experiências amorosas. Infelizmente conforme o garoto cresce o filme fica menos interessante e o roteiro tem uma dificuldade vergonhosa em encontrar uma linha narrativa para seguir até o desfecho e opta por se agarrar a mais fraca das linhas que tinha à disposição: o romance de JR com Sidney (Brianna Middleton). A relação entre os dois nasce moderninha mas aos poucos demonstra ser tão sem sal que ninguém de fato se importa com o que acontecerá ali (mas o roteiro teima em fingir que aquele é o aspecto mais interessante sobre o crescimento do personagem). Isso faz com que Bar Doce Lar entre no piloto automático e se arraste rumo ao desfecho. Aqui faz muita falta o diretor George Clooney com a empolgação de seus primeiros filmes (Confissões de Uma Mente Perigosa/2002 e Boa Noite e Boa Sorte/2005), o que começa como uma produção charmosa e simpática se torna cada vez mais desanimada, tendo uma fagulha de alguma coisa só quando JR se depara com quem seu pai é na realidade. No fim das contas, fica na lembrança o que o filme poderia ter sido e abandonou no meio do caminho em troca de um romance boboca. 

Bar Doce Lar (The Tender Bar /EUA - 2021) de George Clooney com Tye Sheridan, Lily Rabe, Ben Affleck, Christopher Lloyd, Daniel Ranieri, Briana Middleton, Sondra James e Ron Livingston. 

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