Tony e Liu: recorte e colagem chinês Made in Hollywood. |
Confesso que demorei uma eternidade para escrever sobre este filme da Marvel por ter enfrentado um verdadeiro desafio de ficar acordado durante as vezes em que tentava assistir. É preciso dizer que a partir de certo ponto eu até fiquei interessado nos rumos na história, mas, o motivo sonífero da produção sempre estava presente. Calma, eu explico. Quando a Marvel anunciou que em sua nova fase eles adaptariam o personagem Shang Chi para o seu universo cinematográfico, muita gente ficou surpresa com os planos para um personagem que não vive o auge de sua popularidade faz tempo. Criado em 1972 para aproveitar o sucesso da série televisiva King Fu, Shang Chi teve uma HQ só para ele até 1983, depois se tornou coadjuvante de histórias estreladas pelo Punho de Ferro, Cavaleiro da Lua e até dos X-Men. Enquanto a fase pós-Ultimato vai ganhando forma, surgiu o filme de origem do personagem em tempos de pandemia (e de olho no vasto mercado oriental). A história é bem simples: Shang Chi (Simu Liu) é um jovem chinês que saiu de seu país e foi viver nos Estados Unidos sossegado, até que um grupo de personagens misteriosos aparecem para que seu passado seja descoberto. Afinal, ele é filho de Wenwu (Tony Leung), um guerreiro imortal que o treinou desde pequeno para ser seu sucessor. Este seria o rumo natural das coisas se Shang não houvesse descoberto que seu pai está longe der ser a pessoa nobre que ele imaginava. Eis que o rapaz voltará para a China com sua melhor amiga (Awkwafina) e sua complicada história familiar começa a tomar conta do roteiro. Além do passado de sua mãe, ele reencontra a irmã rancorosa e até uma tia (que vive num lugar repleto de magia). Ah, o filme também tem lutas super elaboradas em ônibus, ringues da dark web, em andaimes de um prédio, além de guerra com dragões ameaçadores e tudo mais que os roteiristas Dave Callaham e Destin Daniel Cretton (que também assina a direção) assistiram em filmes de ação chineses nas últimas décadas. São tantas referências já assistidas em tantos filmes (de O Tigre e o Dragão/2000 até os sucessos de Jackie Chan) que achei difícil me envolver com tudo o que estava acontecendo. É verdade que tem efeitos especiais esmerados (mas que por vezes deixam claro sua artificialidade) e, talvez para se equilibrar com o plot que se leva a sério demais, o filme resolveu fazer troça com alguns de seus próprios elementos com as atuações de Awkwafina e Ben Kingsley (que retoma aqui o criticado Mandarim para passa-lo a limpo). Mas nem tudo é postiço, Simu Liu consegue injetar carisma ao seu personagem parrudo e bom moço, mas quem rouba a cena mesmo é o ótimo Tony Leung (astro de vários filmes de Wong Kar-Wai) que desvia seu personagem do arquétipo de vilão tradicional (especialmente por ter uma pendenga familiar no meio do caminho). Sobre os Dez Anéis, vale dizer que ele compõem parte do belo visual do filme, mas no fim da contas, com todo seu recorte e colagem, Shang Chi não me deixou empolgado.
Shang Chi e a Lenda dos Dez Anéis (Shang Chi and The Legend of the Ten Rings/EUA-2021) de Destin Daniel Cretton com Simu Liu, Tony Leung, Awkwafina, Fala Chen, Michelle Yeoh, Meng'er Zhang, Ben Kingley e Florian Monteanu. ☻☻
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