sábado, 15 de janeiro de 2022

#FDS Rumo ao Oscar: No Ritmo do Coração

 
A Família Rossi: diversão para toda a família. 

Exibido em Festivais no início do ano passado e lançado nos cinemas em agosto, o americano CODA é o  tipo de filme discreto de pequeno porte que aos poucos ganha fãs fervorosos que (chegada a temporada de prêmios alguns meses depois) seguem na torcida para que o filme tenha seu valor reconhecido. Lembro que quando o filme chegou aos cinemas muita gente apontou que era uma refilmagem do filme francês A Família Bélier (2014), mas na verdade trata-se de uma versão, já que faz alterações relevantes na história ao levá-la para os Estados Unidos. Torna-se assim um novo filme e não apenas aquela versão sem alma feita para os sobrinhos do Tio Sam que não curtem legendas. O longa conta a história de Ruby (Emilia Jones), uma adolescente filha de surdos que gosta de música e ajuda seu pai (Troy Kotsur) e o irmão (Daniel Durant) no trabalho no barco de pesca. Aparentemente está tudo bem com a rotina de Ruby, já que ela possui plena consciência de sua importância em servir de intérprete para sua família no contato com um mundo dominado pela sonoridade que lhes escapa. A situação começa a mudar quando Ruby se inscreve nas aulas de música e o professor (Eugenio Derbez) percebe que a garota tem voz e talento para investir numa formação em música. No entanto, a constante dificuldade financeira de sua família a faz ponderar entre o que ela deseja e o que ela precisa fazer por eles. É preciso destacar que Ruby teve um caminho complicado quando chegou na escola, já que sua forma de se comunicar era semelhante à de sua família e gerou muitos comentários maldosos entre seus colegas de classe e, por outro lado, o filme provoca identificação da plateia ao abordar aquele período decisivo da adolescência às portas da vida adulta em que é preciso fazer escolhas sobre o seu futuro. O filme  ganha pontos ao retratar a rotina de uma casa de surdos e sua relação com o som, a linguagem de sinais usada de forma errada por leigos e outros detalhes... mas  o diretor e roteirista Sian Heder faz um filme fácil de assistir, leve e redondinho com personagens carismáticos e um tom de filme familiar que quase não se vê mais. Com fotografia outonal e trilha sonora agradável, o filme foge de parecer denso ou panfletário. No Ritmo do Coração é um filme que tem como maior ousadia a  sua capacidade de inclusão ao ter um elenco principal majoritariamente de surdos e se ele traz de volta a oscarizada Marlee Matlin (Oscar de melhor atriz por Os Filhos do Silêncio/1986) para os holofotes, apresenta também ao grande público o talento de Troy Kotsur (cotado na categoria de ator coadjuvante da temporada) que tem os melhores momentos ao lado de Emilia Jones. Feito para emocionar (e cair muito bem em uma futura Sessão da Tarde), No Ritmo do Coração assume o posto de produção independente querida da temporada e pode surpreender ao aparecer em mais categorias do Oscar do que qualquer envolvido teria imaginado. Os fãs agradecem. 

No Ritmo do Coração (CODA/EUA-2021) de Sian Heder com Emilia Jones, Marlee Matlin, Troy Kotsur, Daniel Durant, Eugenio Derbez e Ferdia Walsh Peelo. 

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