domingo, 18 de setembro de 2022

PL►Y: O Homem Ideal

 
Dan e Maren: quando o homem perfeito não agrada.

Em seu terceiro longa-metragem a diretora alemã Maria Schrader revisita uma ideia que já foi usada várias vezes: um robô capaz de satisfazer os desejos de uma mulher. Nos anos 1980 ele tinha a cara de John Malkovich (Construindo um Cara Certinho/1987) nos anos 2000 era a cara do Jude Law (o Gigolo Joe de Inteligência Artificial/2001) vinte anos depois a ideia está de volta com a cara do Dan Stevens - que perdeu peso e ficou sarado depois de falecer na série Dowton Abbey e migrar para as telas de cinema. A prova de que a ideia ainda funciona são os prêmios e as críticas positivas que o filme recebeu, além do sucesso de público que comprou a ideia mais uma vez. Talvez a maior diferença entre o robô que aparece aqui e os seus anteriores é que este surge num tempo em que o apreço à tecnologia é maior do que nunca na história da humanidade e, em alguns momentos, se você trocar o robô por um celular a ideia não parece tão distante. O filme foi o escolhido da Alemanha para conseguir uma vaga na categoria de melhor filme internacional, mas acabou ficando de fora, provavelmente pela sensação de déjà vu que por mais gracioso que o filme possa ser, torna-se inevitável. O filme é ambientado em um futuro próximo em que Alma (Maren Eggert), uma workaholic um tanto mal humorada, resolve testar um invento revolucionário: um robô, chamado Tom (Dan Stevens) capaz de ser tudo aquilo que ela deseja em um homem. O problema é que enquanto a máquina de última geração faz de tudo para agradar, ela parece estar disposta a não ser nem um pouco agradável com ele, afinal, como ela repete o tempo todo, ele é uma máquina e não possui sentimentos. Sendo assim, o filme se torna uma comédia romântica de uma piada só: já que em momento algum ela parece estar disposta a ter um relacionamento, seja com o simpático Tom ou com uma pessoa de verdade. A coisa complica se você imaginar que Tom foi composto com tudo que ela idealiza num homem (da inteligência ao formato do genital) e mesmo assim, ele não é possível de agradá-la. Obviamente que lá pelas tantas iremos entender o motivo de Alma hesitar mergulhar em relacionamentos, mas a pergunta de porque diabos ela foi se meter num experimento destes se não estava afim de colaborar não acaba mesmo depois dos créditos finais. Lembrei de alguns momentos de terapia em que eu era questionado por me aplicar demais ao trabalho para não perceber coisas na minha vida pessoal que me desagradava e a forma como por vezes nos fechamos e depois reclamamos da solidão. O Homem Ideal ainda tem aquele final deliciosamente contraditório, em que Alma sela de vez sua opinião negativa sobre robôs capazes de nutrir nossas carências para depois, bem... você verá. No fim das contas, fica a óbvia resolução de que homens ideais não existem, assim como mulheres ideias também não. 

O Homem Ideal (Ich bin dein Mensch / Alemanha - 2021) de Maria Schrader com Maren Eggert, Dan Stevens, Sandra Hüller, Jürgen Tarrach, Hans Löw e Inga Busch. ☻☻ 

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