Julie Anne Smith |
No mundo fluído da fama, Julianne Moore é praticamente uma unanimidade, considerada uma das melhores atrizes em atividade no mundo, ela é uma das poucas atrizes que possui os principais prêmios do cinema mundial e continua na atividade após 38 anos de carreira e impressionantes 62 anos de idade. Casada com o cineasta Bart Freundlinch desde 2003 e com um casal de filhos (Caleb e Liv), Julianne é quase uma anticelebridade quando se trata de falar de sua vida pessoal - de forma que nosso repórter imaginário conseguir esta entrevista (que nunca aconteceu) é praticamente um milagre:
§8^) Em primeiro lugar quero dizer que sou um grande fã do seu trabalho! Você é uma das melhores atrizes do mundo e como se sente sendo premiada com Oscar, Globo de Ouro, no Festival de Berlim, Cannes, Veneza, Independent Spirit, SAG Awards...
Julianne Em primeiro lugar obrigada por sua admiração. Em segundo, falando assim até eu fico assustada [risos]. É verdade, preciso de uma estante enorme em minha casa para guardar todos os meus prêmios e por muito tempo tive que evitar que as crianças brincassem ali por perto... mas não é algo que penso sempre que chego numa filmagem. O frio no estômago permanece.
§8^) Você ainda sente este frio no estômago até hoje?
Julianne Sempre [risos], estou sentindo agora. Fico muito desconfortável em entrevistas, estreias, filmagens, eu não chamaria de insegurança ou medo, mas é algo de quem ainda deixa espaço para imprevistos e que algo inesperado possa acontecer. De certa forma isso até alimenta um pouco o meu trabalho, manter o controle na atuação é deixar tudo um pouco engessado, por vezes é melhor deixar a emoção tomar conta.
§8^) Por muito tempo você esteve na lista de pessoas mais indicadas ao Oscar que nunca o levaram para casa. Foram quatro indicações até que você finalmente fosse premiada por Para Sempre Alice (2014) e muita gente considera que você teve trabalhos mais impressionantes até ali. Você concorda?
Julianne É estranho dizer se concordo ou não, porque não é uma escolha minha, mas dos votantes. Mas considero que tive ótimos papéis em minha carreira que poderiam ter me rendido uma estatueta, mas eram trabalhos um tanto transgressores. Na minha primeira indicação eu era uma diva do cinema pornô, na segunda eu era uma esposa adúltera, na terceira uma grávida suicida e junto com a quarta uma mulher que se apaixona pelo jardineiro negro nos anos 1950. Aí as pessoas ressaltam que não fui indicada quando fiz uma lésbica ou uma atriz maluca e que ganhei por ser uma professora mãe de família que está com Alzheimer precoce. Eu vejo uma lógica em tudo isso... eu gosto de todos estes trabalhos, os outros que os classificam e categorizam, eu apenas dou vida a estas mulheres incríveis.
§8^) É verdade que você encontrou a fonte da juventude?
Julianne Eu adoraria, principalmente pela sociedade e o cinema serem mais cruel do que o tempo com as mulheres que envelhecem. Não sei por quanto tempo ainda terei papéis interessantes no cinema, mas sempre farei o melhor que posso.
§8^) E houve um papel que você não gosta de lembrar?
Julianne Não... mas... talvez não por conta do papel, mas pela confusão que foi. Tive muitos problemas ao viver a Clarice Starling em Hannibal (2000), havia aquele peso enorme de ter sido um marco no cinema e na carreira de Jodie Foster, ela ganhou o Oscar por aquele trabalho e eu era sempre preterida... enfim, houve muita expectativa, especulação, tive que fazer um trabalho muito complicado e aceitar que eu não era a Jodie, que aquela era a Clarice em outra fase da vida, em outra história... foi bastante sofrido, mas o filme foi um sucesso de bilheteria e tem algumas cenas que eu aprecio bastante. Não aquela do banquete com miolos, eca!
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