terça-feira, 20 de dezembro de 2022

PL►Y: RRR - Revolta, Rebelião, Revolução

 
Rao e Teja: super-heróis indianos?

RRR chegou aos cinemas no exterior com o peso de ser o filme mais caro já realizado na Índia, hoje o filme se tornou um sucesso e até figura em algumas listas de melhores filmes do ano. O Globo de Ouro lhe reservou lembranças na categoria de Filme Estrangeiro e existe uma enorme campanha em torno do filme para que chegue ao Oscar, uma vez que a Índia não o selecionou para vaga de Melhor Filme Internacional. Particularmente não vejo no filme o fôlego  necessário para figurar em categorias além das técnicas. Seus efeitos especiais, fotografia, montagem e trilha sonora não fazem feio perante qualquer blockbuster lançado por Hollywood em 2022, já nas outras categorias, não vejo os votantes da Academia cedendo muito espaço para a história de dois amigos que, em meio às cenas de ação, arranjam tempo para cantar e dançar, mesmo quando um deles é esfolado por um chicote cheio de pregos. RRR funciona como um filme de ação absurda (assim como muitos filmes do Jackie Chan o foram nos anos 1990) a diferença é o seu tempero indiano carregado. O filme é ambientado na década de 1920, quando a Índia ainda era colônia britânica - tendo em seu início um pequeno retrato de como eram as relações entre os indianos e seus colonizadores. Vendo os indianos tratados feito coisas, o roteiro conta a história de dois personagens que vivenciam estas situações em lados opostos. Um deles é  Bheem (N.T. Rama Rao Jr.) que luta para encontrar sua irmã levada pela família de um oficial britânico e, por conta disso, acaba se tornando persona non grata das autoridades locais. Bheem se torna um verdadeiro guerreiro e, do lado oposto está Raju (Ram Charan Teja), um soldado capaz de enfrentar multidões e que encontra-se em ascensão no exército britânico, ainda que tenha origem indiana. Raju e Bheem se tornam amigos e o tempo se encarregará de colocar um contra o outro, pelo menos até que o roteiro desenrole todos os seus segredos. Haja segredos para dar conta das mais de três horas de duração, tempo suficiente para o filme ir da comédia mais ingênua até as cenas de violência mais extrema. O que o diretor S. S. Rajamouli realiza aqui é realmente impressionante enquanto espetáculo de cor, som e fúria. Ele não parece preocupado em soar ridículo ou inverossímil, moldando quase uma saga de dois super-heróis indianos. Existe tanta vibração em RRR que é impossível ficar indiferente ao que vemos na tela. Não dá para levar a sério, mas existem aqui um punhado de cenas impressionantes que podem render a Rajamouli convites para dirigir em Hollywood em breve (fico imaginando o que ele faria se tivesse em suas mãos um filme do porte de Eternos2 da Marvel). O filme está em cartaz na Netflix e vale ser visto, nem que seja por curiosidade. 

RRR - Revolta, Rebelião, Revolução (RRR Rise Roar Revolt / Índia - 2022) de S. S. Rajamouli com N.T. Rama Rao Jr.,  Ram Charan Teja, Ajay Devgn,  Alia Bhatt, Olivia Morris, Shriya Saran, Ray Stevenson, Alison Doody e Mark Bennington. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário