Pode se dizer que o sucesso de Top Gun: Maverick é um verdadeiro triunfo na carreira de Tom Cruise. Afinal, desde que o primeiro Top Gun (1986) se tornou um clássico dos anos 1980 foi cogitada uma continuação, que nunca saiu do papel. A ideia já parecia tão superada quanto ultrapassada quanto o astro de Hollywood começou a retomar o gosto pela ideia. Faz um tempo que Cruise parece ter deixado de lado aquela lista de grandes diretores com que gostaria de trabalhar e ser respeitado como ator sério, com o passar do tempo, passou a se dedicar cada vez mais às franquias milionárias e convencer a Paramount a bancar uma continuação de um dos seus primeiros sucessos rendeu várias brigas em que precisou convencer que o filme não era uma produção a ser destinada ao streaming, mas um espetáculo a ser visto no cinema. O resultado é que o filme chegou aos cinemas e se tornou um dos mais vistos de 2022, deixando para trás todas as desconfianças de que o público não faz questão de ir ao cinema se não for para ver filmes de super-heróis. É verdade que o filme tem cenas espetaculares, que prometem se tornar referências do gênero assim como no primeiro Top Gun, mas existe também um arcabouço dramático por trás de tudo isso, seja sobre o que o destino reservou para o destemido Maverick ou para Tom Cruise em Hollywood depois dali. Décadas depois do primeiro filme, Maverick (Tom Cruise) ainda é Capitão e enfrenta problemas institucionais com sua postura em testar limites. Quando o filme começa, ele paga o preço por isso ao ser convidado a ser tornar professor de um grupo de jovens pilotos de caça que estão prestes a realizar uma missão complicada. Retornar à Top Gun faz o protagonista retomar várias lembranças, seja sobre o destino de seu amigo Goose (Anthony Edwards) ou de Iceman (Val Kilmer), mas também de um interesse amoroso que ficou no passado entre os dois filmes, Penny (Jennifer Connelly). Entre tudo isso, estão várias discrições técnicas sobre treinos e a missão a ser realizada (de forma que o diretor Joseph Kosinski capricha em todas as cenas de voo que tem em mãos), além da pendenga pessoal que precisa resolver com o filho de Goose, Bradley (Miles Teller). A tensão entre os dois mostra-se a verdadeira alma do filme, uma relação quase de pai e filho, em que o limite entre proteção e deixar a vida seguir o seu curso se misturam sem muito critério. Com mais de duas horas de duração, o filme consegue segurar a atenção e não tem medo de criar reviravoltas. E o que tudo isso tem relação com o o passar do tempo para o jovem Tom Cruise? O principal é ele perceber que ser o mocinho da história pode não ser o suficiente e que passar o bastão para outros personagens está longe de ser uma humilhação, mas um recurso bastante digno diante do prestígio que ainda possui. Cruise tem aqui sua melhor interpretação em muito tempo e o filme torna visível a sua emoção de voltar à trajetória de Maverick e ter momentos como aquele em que encontra Val Kilmer debilitado por uma doença. Sim a vida é dura, mas o cinema pode fazer com que se torne um espetáculo campeão de bilheteria.
Tom Gun: Maverick (EUA - 2022) de Joseph Kosinski com Tom Cruise, Miles Teller, Jomn Hamm, Jennifer Connelly, Glen Powell, Val Kilmer, Monica Barbaro, Ed Harris, Lewis Pullman e Jay Ellis. ☻☻☻☻
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