domingo, 11 de dezembro de 2022

PL►Y: O Amante de Lady Chaterley

 
Emma e Jack: boas atuações (com ou sem roupa).

O público carece de erotismo. Não tem jeito, existe uma curiosidade sobre sexo que é inerente à audiência. No mercado editorial quando 50 Tons de Cinza colocou o erotismo novamente em pauta, muita gente lembrava que o clássico O Amante de Lady Chaterley de D.H. Lawrence permanecia muito mais interessante (e obviamente melhor escrito) do que qualquer aventura do Sr. Grey. Se 50 Tons virou uma trilogia capenga, nada melhor do que investir em mais uma versão do clássico lançado em 1928 e que causou escândalo pela sua narrativa tórrida (ao ponto de ser banido do Reino Unido por décadas). Em cartaz na Netflix, o filme adapta novamente a história da jovem Connie Reid (vivida agora por Emma Corin) que casa com Lorde Clifford Chaterley (Matthew Duckett) que é enviado para a Primeira Guerra Mundial e retorna paraplégico. Desanimado com sua atual condição, e a impossibilidade de ter filhos, Cliffor até considera junto à sua esposa que ela engravide de outro homem para que tenham um herdeiro e as posses de sua família permaneçam. No entanto, ele estabelece condições: que ela não se apaixone pelo pai biológico da criança, que o homem nunca saiba da paternidade e que ninguém saiba sobre a verdadeira história da gravidez. Lady considera tudo isso uma grande sandice perante seus códigos morais, mas o destino solitário para lidar com seus desejos reserva surpresas quando conhece o guarda-caça da propriedade do casal, Oliver Mellors (o sumido Jack O'Connell), com quem terá vários encontros até que a reputação de ambos esteja em jogo. A diretora Laure de Clermont-Tonnerre (de The Mustang/2019) realiza aqui um belo trabalho emoldurado por notável fotografia, seria maldade dizer que o filme faz sucesso por conta das cenas de sexo entre os protagonistas. Tonnerre sabe utilizar estas cenas como um reflexo dos dramas dos personagens feridos por suas trajetórias amorosas, além de ressaltar o verniz político do conflito de classe presente no texto. Claro que nada disso funcionaria se ela não contasse com a química de seus personagens principais. Não lembro de ter visto Jerry O'Connell soar tão atraente diante da câmera, conferindo um charme rústico-sensível ao personagem que o torna ainda mais irresistível para Lady Chaterley. Já Emma Corin repete a competência que já vimos em seu trabalho como Lady Di na quarta temporada The Crown (2020), só espero que a magreza assustadora apresentada aqui seja por conta do esgotamento de sua personagem e não por distúrbios alimentares. Uma curiosidade da produção é que Joely Richardson faz uma participação especial na produção e encarnou a protagonista em uma célebre versão feita pela BBC em 1995. 

O Amante de Lady Chaterley (Lady Chaterley's Lover / Reino Unido - EUA / 2022) de Laure de Clermont-Tonnerre com Emma Corin, Jack O'Connell, Joely Richardson, Matthew Duckett, Ella Hunt e Nicholas Bishop. ☻☻☻

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