segunda-feira, 25 de dezembro de 2023

PL►Y: Maestro

 
Carey e Bradley: boas atuações em biopic fria. 

Até o momento Bradley Cooper já contabiliza nove indicações ao Oscar. Foram cinco como ator, três como produtor e uma pelo roteiro da última versão de Nasce uma Estrela (2018). Foi com este filme que o ator estreou na direção, mas apesar de todo sucesso, a produção acabou de fora do Oscar de melhor direção. Ao assistir Maestro, em cartaz na Netflix desde o dia 07 de dezembro, a impressão que fica é que ele quer muito ser lembrado pelos seus pares cineastas entre os indicados de 23 de janeiro. O problema é que Maestro está longe de ter a energia e frescor de seu longa de estreia, afinal, embora seja mais elaborado em seus planos e transições, Maestro é um filme tão técnico quanto frio, deixando a estranha sensação que a elaborada embalagem está lá para disfarçar um roteiro sofrível. A ideia de levar para as telas uma biopic do maestro Leonard Bernstein ao lado de sua esposa é mais do que promissora, mas o tratamento que é dado à história de ambos é um tanto desanimador. A impressão que tive é que o roteiro não faz a mínima ideia do que fazer, portanto preferem seguir uma espécie de guia esquemático do melodrama hollywoodiano: os dois se conhecem, se apaixonam, entram em crise, separam, reatam, uma doença terrível acontece, sofrimento, um sobrevive. Fim. No meio disso tudo, temos a questão da bissexualidade de Bernstein que em alguns momentos se torna ponto de pauta para ser esquecido logo depois numa abordagem superficial dos dilemas do casal. É verdade de Bradley realiza um trabalho digno de nota na pele do maestro, exalando seu temperamento elétrico de forma que as polêmicas próteses utilizadas por ele não fazem muita diferença no resultado final. No entanto, é Carey Mulligan que rouba a cena com a discrição de Felitia Montealegre, uma atriz da Broadway que conhece Bernstein e se torna sua esposa, mãe de três filhos e companheira até o fim da vida. Aqui não há escândalo algum sobre a sexualidade do protagonista, já que desde o início ela sabe de seus gostos variados e parece não se importar, até que um ciúme começa a aflorar disfarçado de preocupação com a carreira do esposo. O roteiro patina em gelo fino nessa abordagem do relacionamento dos dois e não consegue oferecer suporte para uma narrativa desprovida de ritmo e repleta de artificialismos. No entanto, a produção colhe elogios em quem percebeu nele qualidades de um clássico do cinema, motivo pelo qual se tornou a grande aposta da Netflix nas premiações de fim de ano, no entanto falta-lhe aquela fagulha que acende o interesse pelo que se vê na tela. Ao que parece, Bradley Cooper estava tão obcecado por reconhecimento que fez um amontoado de cenas que não querem dizer muita coisa além de analogias manjadas que exigem da plateia mais boa vontade do que ela pode estar disposta a ter diante de um pastel de vento.

Maestro (EUA-2023) de Bradley Cooper com Bradley Cooper, Carey Mulligan, Matt Bomer, Sarah Silverman, Michael Urie, Vincenzo Amato e Maya Hawke. ☻☻

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