Nader e Kristine: quase uma comédia romântica. |
Sabe aquele dia que você começa a assistir vários filme e para no meio por não estar no clima para ver nenhum deles? Eu estive assim ontem e houve um sentimento de frustração que só crescia. Eis que encontrei na MUBI este aqui, um filme que nunca ouvi falar e nem tinha visto no streaming antes. Isso deve ter colaborado muito para que eu embarcasse no filme de peito aberto rumo ao desconhecido. O melhor de tudo é que NINJABABY é uma delícia de assistir, sua mistura de drama, comédia, romance e crise existencial é feita no capricho e, de bônus, temos o carinho com que a diretora Yngvild Sve Flikke (eu sei, será difícil lembrar depois) trata seus personagens, especialmente a protagonista, Rakel (Kristine Kujath Thorp). Rakel não sabe muito bem que caminho seguir, mas é muito boa com ilustrações e por vezes cria alguns personagens - tanto que na vida real ela costuma apelidar quem cruza o seu caminho com nomes de personagens saídos de alguma HQ underground. Ela divide o apartamento com a amiga Ingrid (Tora Dietrichson) e quando as duas resolvem fazer aulas de defesa pessoal, Rakel tem a impressão que conhece o professor de algum lugar - ela o chama de AikidoMoss (Nader Khademi). Ela lembra que os dois tiveram um momento, digamos, prazeroso juntos e que se deram muito bem. No entanto, Rakel descobre que está grávida e não sabe muito bem o que fazer. De início imaginei que seria mais um filme indie pró-aborto, mas não é nada disso. Grávida de seis semanas, Rakel terá que encontrar outros caminhos para lidar com o bebê que está dentro dela (que ganha o nome do título e conversa com a personagem ao longo de toda a sessão sobre o destino que deverá ter, ou, na verdade, trata-se da consciência da própria Rakel que perceber que já está crescida demais para não levar a vida a sério). Ninjababy é bastante divertido, mas traz temas sérios como crescimento, responsabilidade, adoção e maternidade abordados com frescor e nenhum moralismo. Os personagens são de carne e osso, tem seus dilemas, dúvidas e contradições aparecendo a todo instante e a diretora mistura tudo com uma energia irresistível. Destaques para Kristine que vive Rakel como se não conseguisse separar o que é personagem e o que é atriz, além da fofura de Nader Khademi como o apaixonado professor. Ah, claro, não posso esquecer do (blasfêmico) Paujesus (Arthur Berning) o pai do bebê que mergulha em uma verdadeira crise de identidade quando descobre que terá um filho no mundo. Com ambientações nada glamourosas e o uso de animações para ilustrar as sensações da protagonista, Ninjababy é uma das gratas surpresas que assisti em 2023. O filme me lembrou o pouco o astral do francês Playlist (2021), outra pérola indie europeia de voz deliciosamente feminina.
NINJABABY (Noruega/2021) de Yngvild Sve Flikke com Kristine Kujath Thorp, Nader Khademi, Arthur Berning, Tora Dietrichson, Silya Nimoen, Herman Tømmeraas, Evelyn Rasmussen Osazuwa e Morten Svartveit. ☻☻☻☻
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