Frank e Christian: o melhor amigo do homem... |
Sigrid (Katrine Lovise Øpstad Fredriksen, miga... vamos facilitar a vida dos fãs, encurta esse nome) conhece Christian (Gard Løkke) no Tinder e os dois marcam de se encontrar. Apesar do rapaz se mostrar reservado e um tanto tímido, a conversa flui bem e ela vai para a casa dele. Na verdade uma mansão, na qual ele vive sozinho, ou melhor, com seu cão, Frank. Até aí nada demais, até que Sigrid descobre que o cachorro do moço é na verdade um homem (no caso, o ator Nicolai Narvesen Lied) vestido como o bicho e se comportando como tal (andando de quatro, latindo e comendo ração). A garota percebe que existe algo de muito estranho ali e repensa se deve novamente se encontrar com o pretendente. O que acabei de escrever não é um SPOILER, já que isso é exatamente o que é mostrado no trailer do filme norueguês Good Boy, que está em cartaz no Looke. O espectador também descobre que o pet inusitado do protagonista é bastante incomum logo na primeira cena, um aspecto que demonstra que o diretor e roteirista Viljar Bøe tem outras cartas na manga para manter o interesse do espectador na trama. Trata-se de um filme que consegue segurar o espectador pelo estranhamento que oferece, já que insere a situação como se fosse uma trama absurdista, beirando o horror, para depois sugerir em um tom que beira o cômico, já que em determinado momento Sigrid chega a ser rotulada como preconceituosa por rejeitar uma pessoa milionária apenas porque ela possui um amigo que gosta de se comportar feito cachorro. Quando chega aquele convite para passar um final de semana somente com Cristian e Frank, você imagina que a coisa vai complicar, só que acontece de outro jeito. Bøe faz um filme enxuto. Não enrola, afinal, ele sabe que esticar demais aquela situação pode fazer o espectador abandonar tudo no meio do caminho, mas a forma seca como o diretor narra a construção estranha de seu personagem principal consegue manter o filme de pé quando ele exagera na bizarrice - até chegar ao final que deixa o espectador com uma grande interrogação na cabeça (construindo diversas teorias na cabeça). Esse é o segundo filme de Viljar Bøe, sua estreia foi com Til Friendly (2020) um suspense sobre um rapaz que descobre que um de seus amigos irá matá-lo, mas que não teve a devida repercussão por ser lançado durante a pandemia. Confesso que fiquei curioso de conhecer o trabalho do moço e acho que é um nome que ouviremos falar mais vezes devido a audácia com que constrói seu filme. Neste aqui, senti a crueldade de Michael Haneke temperada com o humor de Yorgos Lanthimos, mas com toques de horror, algo que os dois diretores ainda não experimentaram em suas carreiras. Não é um filme perfeito, mas funciona pelo estranhamento ímpar que oferece.
Good Boy (Noruega/2022) de Viljar Bøe com Gard Løkke, Katrine Lovise Øpstad Fredriksen, Nicolai Narvesen Lied, Amalie Willoch Njaastade e Viljar Bøe. ☻☻☻☻
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