Sou fã do Wes Anderson faz tempo e entendo completamente sua irritação quando as pessoas criam paródias com Inteligência Artificial clonando seu estilo, afinal, parece ser algo algo somente imagético. Muito do estilo do diretor está nas atuações contidas, nas piadas cheias de ironias cortantes e aquele jeito de lidar com personagens e cenários como se estivesse brincando com bonequinhos (algo que fica mais explícito quando faz sua animações em stop-motion como Fantástico Sr. Raposo (2009) e Ilha de Cachorros (2018) e trata os bonecos como se fossem pessoas de carne e osso). Mesmo quando erra a mão, o cinema de Wes é interessante. O problema é que desde o seu filme anterior, Crônica Francesa (2009), o diretor acha que só contar suas histórias com o visual deslumbrante é pouco, ele acha necessário dar uma incrementada no roteiro, colocar diferentes "camadas" e com isso, tornar a narrativa mais rica. O problema é que ao invés da riqueza, a coisa está ficando confusa. No filme anterior, as histórias tomavam contornos de crônicas de uma revista, agora, a trama é contada como se fosse uma peça de teatro sendo executada ao mesmo tempo em que assistimos ao filme. Na tela, a ideia não funciona muito bem já que quebra o ritmo do filme toda hora para uma digressão que não o torna mais engraçado, dramático ou interessante. É como se você estivesse vendo um filme e toda hora é interrompido por um pedaço de making of que você não quer ver. Quando Asteroid City se concentra na cidadezinha famosa pela queda de um meteorito e que assumiu uma verve científica nos anos 1950 como estilo de vida, o filme é bem agradável de assistir. Lá acontece uma feira de ciência com crianças de diversos lugares do país que apresentam seus inventos em busca de reconhecimento e talvez algum investimento. É por conta disso que vão para lá um homem que acaba de ficar viúvo (Jason Schwartzman) com seu filho nerd (Jake Ryan) e suas três filhas adoráveis 9e hilariantes), uma atriz (Scarlett Johansson) que está mergulhando na personagem de seu novo filme, o militar (Jeffrey Wright) que apresenta o evento, o vovô zeloso (Tom Hanks), tem Hope Davis e Liev Scchreiber como os pais de um geniozinho criador raios laser, uma cientista (Tilda Swinton), um cowboy cantor de música country (Rupert Friend), uma professora dedicada (Maya Hawke) e tem espaço até para o brasileiro Seu Jorge numa pontinha. Wes juntou boa parte da sua patota favorita de atores no que poderia ser um filme despretensioso e divertido - especialmente quando todos precisam encontrar formas de passar o tempo diante da visita de uma quarentena imposta após a visita de um alienígena (Jeff Goldblum?) . Obviamente que com tantos personagens nem todos recebem o desenvolvimento pleno que merecem, mas se Wes se concentrasse mais na cidadezinha esquecendo todos os penduricalhos que coloca ao redor dela, a coisa poderia render muito mais. Afinal, o que me interessa saber que Edward Norton é o autor da peça que inspirou o filme, que Adrien Brody é o diretor da peça e que Willem Dafoe aparece do nada para fazer esquisitices. Essa parte dos bastidores é totalmente dispensável para o andamento do filme e deixa o filme chato toda hora que invade a paleta de cores pastéis desbotada da cidadezinha. Será que Wes quer dizer que a vida no mundo de fantasias é mais interessante e colorido, enquanto os bastidores é cinzento e chato como qualquer trabalho? Se essa era a ideia ele foi bem sucedido, embora a tese não seja novidade alguma. Seja como for, alguns cortes deixariam Asteroid City tinindo entre os melhores filmes do ano.
Asteroid City (EUA-2023) de Wes Anderson com Jason Schwartzman, Scarlett Johanssson, Jake Ryan, Hope Davis, Tilda Swinton, Bryan Cranston, Edward Norton, Maya Hawke, Rupert Friend, Steve Carrell, Tom Hanks, Adrien Brody, Margot Robbie, Jeff Goldblum e Matt Dillon. ☻☻☻
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