Brody e Amanda: os bastidores de uma relação pornográfica.
Aos 28 anos, Amanda Seyfried percebeu que já estava na hora de se distanciar dos personagens adolescentes e enfrentar personagens mais adultos. Em 2013 o filme sobre a carreira de um ícone do cinema erótico cruzou o caminho da atriz e ela embarcou na biografia de Linda Lovelace sem pestanejar. Linda ficou famosa por sua participação num clássico do gênero (o famigerado "Garganta Profunda"), mas a carreira da atriz encontra obstáculos para seguir em frente. O filme acompanha a personagem desde o fim de sua adolescência, especialmente depois que conhece Chuck (Peter Sarsgaard). Diante do namoro e dos problemas de relacionamento com a mãe (vivida por Sharon Stone) a levaram a ser expulsa de casa. Além de marido, Chuck aproveita do interesse da jovem em se tornar atriz para que ela iniciasse a carreira no cinema pornográfico, onde, sem ser propriamente uma beldade para o gênero, ela faz carreira por uma cena bastante particular. O filme está dividido em duas partes, na primeira conhecemos a fama crescente de Linda, onde tinha a indústria dos filmes adultos a seus pés no ano de 1972 (graças ao filme ter se tornado um campeão de bilheteria). Depois, o filme mostra os bastidores dessa carreira: como Chuck era extremamente abusivo com a esposa, não apenas a agredindo fisicamente como também incentivando a prostituição de Lovelace. Além de atrapalhar a carreira da esposa, o espertalhão ainda a destruiu financeiramente e evitou que a carreira dela seguisse por outros caminhos quando ela estava no auge. Baseado na autobiografia da atriz, os diretores Rob Epstein e Jeffrey Friedman se beneficiam com a experiência que possuem do gênero documental ao contar a história de Linda, mas o resultado não é o esperado. Quem assistiu ao ótimo Uivo (2010), sabe que aqui os diretores parecem um tanto amarrados no desenvolvimento da história - o que não deixa de ser curioso, já que seus filmes lidam constantemente com os conflitos entre a sexualidade (principalmente a homossexual) e os padrões sociais. O problema talvez esteja na visão sobre os fatos, já que Linda come o pão que o diabo amassou sem que possamos sentir algo além de pena da personagem e bastante ódio de Chuck, porém, essa dicotomia deixa o roteiro um tanto inconsistente. É verdade que após largar a carreira de atriz (depois de dois filmes mais brandos e comerciais que fracassaram na bilheteria), Linda ganhou fama lutando contra os abusos da indústria pornográfica e o filme faz jus a esse desfecho, mas deixa a história um tanto arrastadamente previsível. Talvez se os diretores não houvessem criado a cisão nas duas partes da mesma história, a narrativa parecesse mais verdadeira. Fracasso de bilheteria nos EUA e no resto do mundo, quem levou a pior foi Amanda Seyfried que entrega sua melhor atuação na pele da personagem. É visível como a atriz dá conta do amadurecimento de Linda diante das humilhações e abusos que sofreu sem perder o carisma, ainda que seu projeto tenha fracassado, Amanda demonstra preparo para viver papéis mais fortes do que as heroínas românticas que sempre cruzam o seu caminho.
Lovelace (EUA/2013) de Rob Epstein e Jeffrey Friedman com Amanda Seyfried, Peter Sarsgaard, Robert Patrick, Sharon Stone, Adam Brody, James Franco, Juno Temple, Hank Azaria e Bobby Cannavale. ☻ ☻
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