Idris e Naomie: Mandela e Winnie.
Nelson Mandela é uma das personalidades mais relevantes do século XX, não por acaso, de vez em quando aparece algum filme retratando uma fase específica de sua vida. Tempos atrás foi Invictus/2009 , agora foi este filme dirigido por Justin Chadwick, que tem como grande diferencial a profundidade na união e separação ideológica com Winnie Mandela, segunda esposa do líder sul-africano. Pautado na autobiografia de Mandela, o roteiro de William Nicholson procura não exaltá-lo como uma herói, mas como pessoa com forças e fraquezas que percebe o quanto o racismo prejudica o desenvolvimento de seu país, com uma política retrógrada que impedia a cidadania plena dos negros na África do Sul. As manifestações e embates vividos por Mandela foram muitos, por vezes incompreendidos pela sua família, até que ele encontra Winnie Mandela. Na década de 1950, Winnie era formada em Serviço Social e trabalhava no hospital da capital, o que era uma raridade para a época. Desde o início percebe-se a força de Winnie e como Mandela se fortalece em sua companhia. Interessados por política, os dois se conhecem em 1951, se casam em 1958 e lutam contra o regime racista do apartheid a partir de 1962. Idris Elba e Naomie Harris apresentam belas atuações na pele dos icônicos personagens e sempre evitam que as tendências melodramáticas da direção estraguem a sessão. Da prisão de Mandela, passando pelas perseguições sofridas por Winnie no período, o casal imprime grande dignidade ao andamento da história. O grande diferencial do filme está no momento em que, com Mandela preso, Winnie assume a liderança dos insatisfeitos com o regime imposto na África do Sul. Tomada pela revolta, ela possui seguidores radicais, que executam suas ordens e acarretam situações caóticas no país vitimando inocentes em conflitos com as autoridades. A partir desse ponto, a cisão ideológica do casal fica evidente. Nesse ponto, a atuação de Naomie escorrega um pouco, quase caindo na armadilha da canastrice de uma mulher endurecida pela vida, mas com a generosidade de Idris Elba por perto a coisa nunca cai no ridículo. Chadwick tenta fazer do filme algo melhor do que um vídeo sobre história e consegue, ainda que o filme pudesse ser um pouco mais curto, Mandela - O Caminho da Liberdade pode ter os seus defeitos, mas é bem produzido e merecia ser mais conhecido do que a melosa canção escrita pelo U2 que está em sua trilha sonora.
Mandela - O Caminho da Liberdade (Mandela: Long Walk to Freedom / Reino Unido - África do Sul / 2013) de Justin Chadwick com Idris Elba, Naomie Harris, Tony Kgoroge, Riad Moosa e Deon Lootz. ☻☻☻
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