Renée: a malvada da vez?
Renée Zelwegger já foi uma das estrelas mais requisitadas em Hollywood ao final dos anos 1990 e na primeira década do século XXI ela estava no auge, tanto que foi indicada ao Oscar três vezes seguidas (melhor atriz por O Diário de Bridget Jones/2001 e Chicago/2002 para depois ser premiada como coadjuvante por Cold Mountain/2003), ela manteve a rotina de filmes importantes por algum tempo, se empanturrou de botox e em 2010 resolveu dar uma pausa na carreira. Em 2016 ela deu o que falar mais pelas mudanças em sua fisionomia do que por seu trabalho em O Bebê de Bridget Jones. O filme marcou o seu retorno às telas, mas ninguém ficou empolgado. Após alguns papéis em filmes pequenos, a texana aceitou realizar seu primeiro trabalho no formato televisivo. Assisti Dilema, nova série da Netflix mais pela curiosidade de rever Renée do que pela história em si e lá pelo meio do caminho eu me perguntava se valia a pena o esforço. Não pela atriz, que torna fácil entender seu interesse em viver uma personagem tão estranha quanto Anne Montgomery - a antítese de todos os personagens simpáticos que já viveu em sua carreira. Apresentada como uma investidora sem coração, Anne quase se torna uma vilã memorável. Quase. O problema é o roteiro mal ajambrado de Mike Kelley - de Revenge (2011-2015) - aqui a trama começa de um jeito, fica repetitiva, apela para coadjuvantes em subtramas que não acrescentam em nada a história principal e , não satisfeito, as reviravoltas começam a se multiplicar gerando mais risadas do que surpresas. Ainda que tenha destaque na história, a personagem de Renée é coadjuvante do casal Lisa (Jane Levy) e Sean Donovan (Blake Jenner). Os dois são bonitos, apaixonados e fazem sexo toda hora, mas enquanto ele sobreviveu ao fim da carreira no esporte, ela pena na busca de investidores para o financiamento de sua descoberta revolucionária. É a gélida Anne Montgomery que se prontificará a financiar a descoberta da jovem cientista mas, em troca, pede uma noite com o esposo da mocinha. A trama poderia investir neste triângulo amoroso, mas opta pelo caminho mais difícil, explorar o fantasma deste pedido na relação do trio. A ideia cria fôlego para uns três episódios, mas depois, a série precisa crescer e não é bem o que acontece. Opta por acompanhar as fantasias do irmão gay da protagonista ou uma amiga que trai o esposo e... você imagina o que acontece, bem... não imagina não já que este núcleo da história se torna o mais absurdo de todos. Dilema se desenvolve feito um novelão, com traições, traumas, mistérios, segredos absurdos e pouca lógica. Serve para constatar que não adianta ter um bom elenco se o roteiro não faz a mínima ideia para onde ir. Ao menos é divertido ver Renée posando de vilã a maior parte do tempo, mas se houver uma segunda temporada a coisa promete piorar. Ao menos a atriz volta a ficar em evidência num ano em que cobiça retornar aos holofotes das premiações com sua interpretação da diva Judy Garland na cinebiografia Judy, baseado na peça de Peter Quilter.
Blake e Jane: bonitinhos e atrapalhados.
Dilema (What if / EUA -2019) de Mike Kelley com Jane Levy, Blake Jenner, Renée Zelwegger, Juan Castano, Keith Powers, Samantha Marie Ware, Dave Annable, Saamer Usmani, Louis Herthum, Daniella Pineda e Derek Smith. ☻
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