Mãe e Filha: os dilemas da maternidade.
Num mundo pós-apocalíptico existe uma base de repovoamento cuidada por um robô. Ele será responsável por acompanhar o desenvolvimento de cada embrião e cuidado adequado para seu crescimento. Coloque neste robô a inteligência artificial programada para se tornar uma mãe exemplar e você terá a fonte de conflito mais interessante deste filme original da Netflix. Dirigido pelo estreante Grant Sputore, I Am Mother é uma bela surpresa pela forma como lança um olhar humano sobre o relacionamento de um robô com a criança pela qual é responsável. Deixando um pouco de lado o tema da inteligência artificial, o filme curte mais as nuances do relacionamento entre mãe e filha, as emoções envolvidas e a mistura de senso de criação, sucesso, fracasso e lealdade entre as duas. Acho emocionante como as personagens se chamam de mãe e filha durante todo o filme, além de travarem diálogos que poderiam facilmente acontecerem entre duas pessoas. No entanto, o microuniverso de Mãe (Rose Byrne) e Filha (Clara Rugaard) começa a ruir quando as histórias contadas começam a ser questionadas pela filha, especialmente quando uma mulher misteriosa (a esquecida duplamente oscarizada Hillary Swank) aparece pedindo ajuda. Esta mulher irá instigar a garota a questionar a razão de tudo que está ao seu redor e, sobretudo, se a Mãe é realmente o que aparenta. O filme pode ser dividido em três atos. O primeiro é estabelecido de forma meticulosa sobre a relação entre as duas protagonistas, ali são postas todas as características que deixam até o espectador em dúvida diante do que acontece no segundo ato. No terceiro a coisa escorrega, mas colabora muito para o funcionamento do filme inteiro o magnífico trabalho vocal de Rose Byrne como robô. A forma como ela sugere afeição ao espectador é brilhant! Clara Rugaard também chama atenção pela sua segurança e Hillary Swank deixa a interrogação de qual é o problema de a colocarem em mais filmes (será sua não adequação em papéis de mocinhas frágeis?). Embora o roteiro de Michael Lloyd Green desperdice algumas possibilidades por ser direto demais, o trabalho das atrizes e do diretor colocam o filme entre um dos mais interessantes do ano. Com boa direção de arte, trilha sonora competente, ótima fotografia e efeitos especiais I Am Mother é um acerto cmo seu olhar possível de várias analogias sobre a maternidade.
I Am Mother (Austrália / 2019) de Grant Sputore com Clara Rugaard, Rose Byrne e Hillary Swank. ☻☻☻☻
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