Matt Damon: batatas orgânicas marcianas ao som de Abba.
Ridley Scott já tinha em seu currículo alguns clássicos da ficção científica, afinal, não satisfeito em assinar Alien - O Oitavo Passageiro (1979), ele ainda é responsável pela realização de Blade Runner (1982). Em 2012 ele retornou ao gênero com Prometheus e dividiu opiniões (embora eu goste muito do filme), sorte que o mesmo não aconteceu com Perdido em Marte, um sucesso de público e crítica que acaba de ser indicado a sete Oscars (incluindo filme, ator, roteiro adaptado e efeitos especiais... inexplicavelmente o diretor não foi indicado). Lançado em outubro nos cinemas brasileiros o filme chega em DVD junto com todo o burburinho do Oscar, o que torna ainda mais interessante revê-lo. O filme conta a história de um grupo de astronautas que estão explorando o solo marciano quando são surpreendidos por uma tempestade de areia. Na ocasião, o astronauta Mark Watney (Matt Damon) sofre um acidente, sendo considerado morto pelos seus colegas de missão que partem de volta para a Terra. Passado algum tempo, Mark desperta ferido, mas ainda vivo e percebe que foi deixado para trás. A partir de então, ele começa a traçar planos para prolongar seu tempo de vida no planeta vermelho, até que consiga se comunicar com alguém que possa resgatá-lo. Embora seja ambientado em outro planeta e utilize recursos especiais de última geração, Perdido em Marte não é um filme de ação, trata-se durante a maior parte de sua duração, do retrato de um sujeito que busca formas de sobreviver em outro planeta quando todas as adversidades parecem estar contra ele - enquanto isso, a NASA e outras agências espaciais fazem cálculos e planejamentos sobre as possibilidades de resgatá-lo. O veterano Ridley Scott consegue um raro equilíbrio entre esses dois pólos da narrativa, seja com a versatilidade de Matt Damon em cena ou na credibilidade que atores como Jeff Daniels, Jessica Chastain ou Chiwetel Ejiofor transmitem quando aparecem na tela. Misturando informações técnicas, burocráticas até, com dramaticidade e toques cômicos, Perdido em Marte é um filme que diverte sem perder qualidade em suas mais de duas horas de duração. Falando em toques cômicos, o filme causou grande polêmica ao ser indicado (e ganhar) os Globos de Ouro de melhor filme de comédia/musical e ator de comédia/musical, disseram que a justificativa era que o livro em que se baseia (escrito por Andy Weir) era muito bem humorado. Na tela, o tom espirituoso de Watney (vivido por um Matt Damon totalmente a vontade) rende algumas risada, assim como a trilha sonora disco em momentos cruciais (depois de Abba e Donna Summer, a melhor de todas é a que embala os créditos finais), mas isso está longe de fazer o filme ser de fato uma comédia - e isso não é problema algum. Os fãs de David Bowie também devem se emocionar quando tocar Starman num dos momentos mais importantes do filme. Perdido em Marte é um filme espirituoso, otimista e irá fazer você valorizar cada batata que aparecer na sua frente, mas o melhor de tudo é ver que Ridley Scott (que completa oitenta anos em 2017) continua filmando com a mesma disposição do início de sua carreira, dando conta de um elenco plural (aqui conta ainda com Kristen Wiig, Sean Bean, Kate Mara, Mackenzie Davis, Michael Peña...) e mais uma dezena de atores que estão sempre no tom certo da atmosfera proposta pelo filme.
Perdido em Marte (The Martian/EUA-Reino Unido/ 2015 de Ridley Scott com Matt Damon, Jessica Chastain, Chiwetel Ejiofor, Kate Mara e Sean Bean. ☻☻☻☻
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