Shaun: um amigo que veio do espaço
Não bastasse a Netflix ter alcançado indicações o Oscar com suas produções originais (sendo o estúdio mais indicado do ano), por conta dos problemas com a pandemia e a abertura das salas de cinema, ela também obteve para o seu catálogo outros filmes que estão na disputa do maior prêmio do cinema americano. Entre longas, documentários e curtas estão dois filmes que estão no páreo de melhor animação. Quem ainda pensa que animação é coisa da criança vai se deleitar com os indicados Shaun, O Carneiro: O filme - A Fazenda Contra-Ataca (título longo e complicado demais para lembrar) e A Caminho da Lua, ambos misturando fantasia e ficção científica. Shaun é um velho conhecido da criançada, além de ter seu desenho animado exibido ao redor do mundo, suas incursões pelo cinema caem no gosto da Academia. A primeira indicação veio com Shaun, O Carneiro - O Filme (2015) (eu sei,eu sei o título é repetitivo mesmo) que já exibia o estilo consagrado do estúdio inglês Aadrman com base no uso de massa de modelar e a exaustiva técnica de stop-motion (a mesma utilizada com a clássica dupla Wallace e Gromit que a Academia também adora). Além disso, os filmes investem num cinema sem diálogos, o que confere um estilo ainda mais diferente às animações calcado em grunhidos, expressividade, trilha sonora e demais recursos para manter a ação acontecendo. O filme nos leva de volta à fazenda em que Shaun e seus amigos vivem, mas desta vez eles precisam lidar com a chegada de um alienígena, o que renderá muitas confusões. Quem gosta dos personagens não irá reclamar do filme repetir a mesma essência de sempre com a diferença de brincar com citações de filmes de ficção científica. O filme parece voltado especialmente para os pequenos, o que pode deixar os adultos com a sensação de que já assistiu tudo aquilo antes. Colorido e ágil, o filme é divertido e prende a atenção até o final. O mesmo não posso dizer de A Caminho da Lua, produção chinesa em parceria com os Estados Unidos que conta a história de uma menina que sofre pela morte precoce da mãe. Com a iminência de um novo casamento do pai e a chegada de outra criança na casa, ela se prende às histórias que sua mãe contava sobre uma deusa que vive na Lua e cria uma forma de ir até lá encontrá-la. Ela chega a criar um foguete para a viagem lunar e nada sai como o esperado. Se a premissa promete uma verdadeira aventura, o filme escorrega na mistura de lágrimas e açúcar, tendo como maior problema os vários momentos musicais que não empolgam (e confesso que eu já começava a rir quando uma frase soava como deixa para mais uma musiquinha desanimada). Enfim, não é fácil fazer um musical em formato de animação, ao menos o filme surpreende ao criar uma deusa que mais parece uma diva pop temperamental. O filme exige um bocado de paciência para aguentar suas voltas em torno de um tal presente mágico que a deusa quer e o aparecimento de monstrinhos simpáticos que forçam a nossa simpatia a todo custo. A aventura logo fica de lado entre um chorinho aqui e outro ali no meio das várias músicas. Não chega a empolgar, mas caiu na graça da Academia que deixou o filme com a quinta vaga da disputa de melhor animação do ano (mesmo que na desconfortável posição de azarão). Acho que não precisa dizer que o favorito da categoria é Soul e se qualquer um dos dois ganhassem seria uma grande surpresa na cerimonia do próximo domingo.
A Caminho da Lua: lágrimas e açúcar.
Shaun, O Carneiro: O filme - A Fazenda Contra-Ataca (Shaun, The Sheep Movie: Farmageddon / UK | France | Belgium | USA | China | Australia | Japan | Finland | Germany | Ireland - 2019) ☻☻☻
A Caminho da Lua (China | EUA - 2020) de Glen Keane, John Kahrs com vozes de Glen Keane, Brycen Hall e Ruthie Ann Miles. ☻☻
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