domingo, 18 de abril de 2021

INDICADOS AO OSCAR 2021: Melhor Direção

Chloé Zhao (Nomadland) Faz tempo que a cineasta preza por um cinema quase documental. Nomadland é seu premiado terceiro longa-metragem e, embora tenha a alma muito semelhante aos dos anteriores, é a primeira vez que trabalha com atores conhecidos num roteiro adaptado, mas ainda assim, o elenco de apoio é praticamente todo de pessoas vivendo a si mesmas. Pelo resultado que descasca o american way of life, Chloé concorre ao Oscar de direção pela primeira vez - e em outras três (melhor filme, roteiro e edição). Favorita na categoria, ela deve ser a segunda mulher a ser premiada com o Oscar de direção (e a Marvel já está de olho nela há tempos e lhe deu a tarefa de dirigir o aguardado Os Eternos). 

David Fincher (Mank) Esta é a terceira vez que Fincher é indicado ao Oscar de direção (concorreu anteriormente por A Rede Social/2010 e O Estranho Caso de Benjamin Button/2008). Desta vez ele utiliza todo seu perfeccionismo para reproduzir a aura do clássico Cidadão Kane/1941 para contar a história do problemático roteirista  Herman J. Mankiewicz. O roteiro é do pai de David (o jornalista Jack Fincher) que transforma este filme produzido pela Netflix em sua obra mais pessoal. A técnica impecável e a narrativa em torno do cinema podem ajudar na disputa, mas o fato de muita gente não ter se empolgado com o filme pesa contra o cineasta. 

Embora estreante como cineasta, a inglesa esteve envolvida nos últimos anos em produções de sucesso. É uma das roteiristas da série Killing Eve e ficou conhecida como a Camila Parker-Bowles de The Crown. Muita gente ficou surpresa com a indicação pelo tom diferente do que a Academia costuma apreciar. Na trama de vingança à cultura de abusos contra as mulheres, Fennell foge do óbvio e não teme usar de humor e ironia para atiçar ainda a narrativa ácida. Fennell também concorre a melhor roteiro original e melhor filme, além de fazer história ao lado de Chloé Zhao no único ano em que duas mulheres aparecem na categoria e já foi convidada para dirigir Zatanna para Warner/DC Comics. 

Lee Isaac Chung (Minari) Há quem diga que o filme não traga em si nenhuma novidade, mas é tão encantador ver a forma como Lee conta a história de uma família que muda de vida ao investir numa fazenda que é impossível não ficar feliz com sua indicação. Responsável pelo tom terno e sensível do filme, além da bela sintonia entre o elenco, Lee se junta ao clube de cineastas de origem oriental indicados ao Oscar. Este é o quarto filme do cineasta Filho de imigrantes coreanos e nascido na cidade de Denver no Colorado (EUA). O diretor em breve adaptará o live action do celebrado anime Your Name. Lee também concorre ao Oscar de roteiro original. 

Thomas Vinterberg (Druk) Grata surpresa entre os indicados a melhor direção, o diretor dinamarquês já era conhecido por ser um dos fundadores do movimento Dogma95 (pelo qual dirigiu o primeiro longa do movimento, o elogiado Festa de Família/1998) e já chamou a atenção da Academia ao ver seu filme A Caça (2012) concorrer a melhor filme estrangeiro. Agora o mesmo se repete com a história dos amigos que flertam com a alegria proporcionada pelo álcool e as consequências disso. A lembrança no Oscar de direção é o reconhecimento de uma carreira que sofreu uma tragédia pessoal do cineasta: a morte da filha quando Druk começava a ser produzido. Está é a primeira indicação de Thomas ao Oscar. 

A ESQUECIDA: Regina King (Uma Noite em Miami) Imaginei que a oscarizada atriz (melhor coadjuvante por Se a Rua Beale Falasse/2018) estaria no páreo pelo seu filme de estreia na direção. A versão para o cinema do encontro imaginário de Malcolm X, Jim Brown, Sam Cooke e Cassius Clay flui bem em sua transição para a tela, tem elegância, carisma e engajamento na medida certa. Porém, foi lembrado somente nas categorias de ator coadjuvante, roteiro adaptado e canção original. Outros que também poderiam estar na disputa são são Florian Zeller (Meu Pai), Darius Marder (O Som do Silêncio), além de Kelly Reichardt (First Cow) e Eliza Hittman (Nunca, Raramente, Às Vezes,  Sempre) que assinaram ótimos filmes totalmente esquecidos no Oscar.

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