Dylan: torcendo pelo cachorro.
Você sente que está ficando velho quando a garotada adora um determinado filme e rasga elogios por ele em redes sociais, vídeos e comentários em geral e quando você assiste você apenas pensa: ok. Acho que é mais ou menos o que sentem quando você adora aquele filme denso e cerebral, que ganhou prêmios e tudo mais e as pessoas dizem "achei muito lento". Enfim, o que seria do azul sem o amarelo. Quando me perguntaram sobre o filme que acaba de chegar à Netflix eu fui bastante honesto em dizer que gostei do cachorro. Quem ouviu não gostou muito, mas eu explico, o filme não é ruim, mas meu vínculo emocional durante toda a sessão aconteceu assim que o cachorro apareceu e, confesso, que temi por sua vida até o final (e achei que o filme perdeu parte da graça quando ele some por um tempo). Sendo um filme pipoca com problemas de exibição nos cinemas por conta da pandemia, Amor e Monstros surpreendeu quando cravou seu nome entre os indicados na categoria de Melhores Efeitos Especiais - ao lado de filmes badalados como o desalmado Tenet (2020) e o morninho O Céu da Meia-Noite (2020), mas posso dizer que entre os seus oponentes ele é digno de respeito. Seu ponto de partida é bastante simples e sua execução é honesta, lembra um pouco Zumbilândia/2009 (com insetos gigantes no lugar dos zumbis), até mesmo pelo senso de humor que apresenta no que poderia ser somente um filme de terror. Tem também um pouco de romance, já que o protagonista precisa andar por vários quilômetros para encontrar com uma garota pelo qual está interessado e... deixa pra lá. Este Ulisses pós-apocalíptico vive num mundo em que a reação química de bombas que deveriam salvar a humanidade perante a queda de asteroides, mas acabaram causando mutações em bichos variados, que transformados em monstros acabaram devorando milhares de pessoas, entre eles, a família do protagonista, Joel (Dylan O'Bryen). Desde a morte dos país ele vive num bunker com outros sobreviventes antes de partir para encontrar sua amada. No caminho ele encontra vários monstros, mas também um fiel companheiro, o cãozinho chamado Boy (e o filme melhora bastante com ele). A trama não é muito mais do que isso, mas ela funciona pelo ritmo de aventura, mas escorrega quando tenta colocar algo mais surpreendente na reta final. Se Dylan não faz nada muito diferente do que já vimos na trilogia Maze Runner (2014), pelo menos ele continua convencendo como um herói juvenil franzino que não fraqueja diante dos desafios. Quanto aos efeitos especiais, eles são muito bem realizados e merecem a lembrança da Academia ao construir criaturas interessantes em cenas divertidas, tensas e até arrepiantes. O filme não é o favorito da categoria, mas deve garantir a torcida de quem assistir depois de um longo jejum de aventuras no cinema (além disso, ainda tem o fator identificação de que sair de casa é sempre um perigo nos últimos doze meses de nossas vidas). Serve para passar o tempo e está é mesmo a intenção deste segundo filme do cineasta sul-africano Michael Matthews (que antes chamou atenção por Guerreiros de Marselha/2017) e que já deve estar preparando a sequência deste empreendimento que é pura pipoca.
Amor e Monstros (Love and Monsters / Canadá - EUA / 2020) de Michael Matthews com Dylan O'Bryen, Jessica Henwick, Michael Rooker, Dan Ewig e Tre Hale. ☻☻☻
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