Joe (Jamie Foxx): a vida a morte e suas surpresas.
Fosse lançado em um ano normal, a animação Soul (da Disney com alma da Pixar) se tornaria um grande sucesso de bilheteria e se tornaria o filme mais querido da temporada. Faturaria milhões ao redor do mundo com as férias da garotada e os pais que adorariam ver o filme sob a desculpa de levar os filhotes para se divertirem. Mas num ano estranho como 2020, ele se contenta em ser o carro chefe da chegada do streaming Disney Plus no Brasil e, convenhamos, que muita gente assinará o serviço pela curiosidade de ver um desenho que fala sobre a vida após a morte. No campo da animação o tema não chega a ser novidadem já que Festa no Céu (2014) e o Oscarizado Viva! - A Vida é uma Festa (2017) já beberam nesta fonte já experimentada por A Noiva Cadáver (2005) em outros tempos. A grande diferença é que Soul é assinado por Pete Docter, a mente criativa por trás de Up (2009) e Divertida Mente (2015) que reimagina esta proposta com idas e vindas a mais. No entanto, embora algumas pessoas já vinculem à trama ao espiritismo, vamos acordar que trata-se de uma fantasia que brinca com o plano espiritual, a vida após a morte, além de amizade, redenção e segunda chance. Portanto, não esperem que eu vá discutir referências religiosas no filme. Soul conta a história do pianista Joe (voz de Jamie Foxx), que sempre quis seguir carreira na música, mas acabou se tornando professor em uma high school americana. Diante dos seus alunos desanimados, as coisas parecem mudar quando ele é convidado para tocar em uma banda que se apresenta em clubes de jazz e aí acontece um golpe do destino que terminaria sua vida ali. Joe se recusa à ir para o chamado Além Vida e termina numa espécie de Escola da Vida para educar almas novatas que estão prestes a chegar à Terra. Ele acaba sendo confundido com o mentor que será responsável por preparar 22 (voz de Tina Fey), uma alma rebelde que não faz muita questão de aprender algo que possa ajudar em sua vida na Terra, mas um acidente irá coloca-los juntos por mais tempo do que imaginam. Soul constrói então uma aventura cheia de etapas e reviravoltas envolvendo os dois personagens que se ajudarão a mudar a forma como cada um deles percebe a vida na terra. Se contar muito estraga as surpresas que o filme reserva para o espectador, mas vale a pena dizer que o visual da animação é de cair o queixo na composição dos ambientes do filme, da estética urbana de traços super definidos ao ambiente do outro mundo mais etéreo com traços e cores mais leves. Docter já demonstrou ser especialista nesta mistura de estilos na construção de ambientes distintos que existem somente na sua imaginação, aqui ele acerta mais uma vez na construção de uma história ousada e diferente, embora eu enxergue algumas semelhanças com sua obra-prima Divertida Mente aqui e ali. Apesar de abordar temas pesados como frustração e morte, o filme consegue ser bastante divertido na abordagem destes temas e sabe o momento certo de comover a plateia. Soul desponta como o grande favorito para o Oscar de animação e talvez consiga até uma vaga entre os indicados ao prêmio de melhor filme (a vaga em roteiro original já está garantida, mas eu também gostaria de vê-lo na categoria de melhor direção, já que mais uma vez Pete Docter transita em vários gêneros em uma animação com grande eficiência). Soul não desafina em suas guinadas e mostra mais uma vez que quando a Pixar acerta, ela arrasa!
Soul (EUA-2020) de Pete Docter com vozes de Jamie Foxx, Tina Fey, Alice Braga, Graham Norton, Richard Ayoade, Angela Bassett e Margo Hall. ☻☻☻☻
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