Ciarán Hinds (Belfast) O filme de Kenneth Branagh é baseado em suas memórias de infância na conturbada Irlanda no final dos anos 1960. Portanto, não é por acaso que o carinho do diretor e roteirista tenha transbordado para a plateia em torno da carismática figura de Pop, ou, simplesmente, seu vovô encarnado com gosto por este veterano ator irlandês (que nasceu na cidade que dá título ao filme). Fazendo filmes desde os anos 1980 e com mais de cem produções no currículo, ele é (para muitos) um daqueles atores que você já viu o rosto em um monte de filmes, mas nunca lembra o nome. Chegou a hora de lembrar, não é tio Oscar! Esta é a primeira indicação do ator pela Academia.
Jesse Plemons (Ataque dos Cães) Surpresa entre os indicados, seria injusto dizer que a lembrança pelo trabalho discreto de Jesse no filme de Jane Campion foi um erro. Indicado pela primeira vez ao Oscar pelo bondoso irmão do protagonista grosseirão, ele é o toque de gentileza naquele universo marcado por atitudes rudes e grosserias. Embora seu personagens perca fôlego na segunda metade da história, o ator tem boas cenas ao lado de seus colegas de elenco, especialmente ao lado da noiva (na vida real) Kirsten Dunst. Famoso por sua versatilidade em vários filmes, ele ficou mais conhecido pelo seu trabalho na série Breaking Bad (2008-2014) .
JK Simmons (Apresentando os Ricardos) No meio dos concorrentes estreantes no Oscar, JK é o único que já foi indicado antes e que tem uma reluzente estatueta em sua estante (pela sua fenomenal performance como o professor agressivo de Whiplash/2014). O ator volta à categoria de coadjuvante por um trabalho que pouca gente colocaria entre as mais marcantes de sua carreira. Na pele do ator rabugento William Frawley, Simmons faz um verdadeiro milagre com o que tem em mãos - já que seu personagem não tem muito o que fazer na história além de ser um dos atores coadjuvantes da cultuada série "I Love Lucy". Simmons é a grande zebra da categoria.
Kodi Smit-McPhee (Ataque dos Cães) Muitos apontam que o favorito entre os indicados é este ator australiano de 25 anos de aparência esguia (tem 1,90 de altura e pesa 75 quilos). Atuando desde os nove anos de idade, o filho do ator Andy McPhee, sempre teve gosto por papéis ambíguos e até sombrios em sua carreira. No aclamado filme de Jane Campion, sua capacidade de adicionar camadas imprevisíveis ao jovem Peter Gordon faz toda a diferença para que a trama funcione (e especialmente para que o desfecho faça sentido). Numa trama repleta de subtextos, sua performance enigmática como o rapaz alvo de escárnio dos cowboys da trama - é fundamental para prender a atenção da plateia.
Troy Kotsur (No Ritmo do Coração) Ainda que não leve o Oscar para casa, este ator nascido no Arizona já fez história ao se tornar o primeiro ator surdo a ser indicado ao Oscar. Atuando há vinte anos, Kotsur tem apenas cinco filmes no currículo e chamou atenção por seu trabalho como o pescador surdo que precisa lidar com o sonho da filha em ser cantora (e o impacto que isso gera na realidade financeira da família). O mais interessante é que No Ritmo do Coração foi um filme que ganhou a plateia aos poucos desde o meio do ano e que teve fôlego para colocar a performance emocional de Troy entre os favoritos do ano. Se levar para casa, o Oscar estará em boas mãos.
O ESQUECIDO: JAMIE DORNAN (Belfast) Eu confesso que esperava ver a Academia fazer média com Ben Affleck (The Tender Bar) na categoria, mas esperava mais ainda ver Jamie entre os indicados a melhor ator coadjuvante. Muitos críticos se renderam ao fator fofura de seu trabalho como o pai do menino protagonista de Belfast. Com pinta de galã e carisma de sobra, o ator confirma aqui que conseguiu se reinventar nos últimos anos depois que passou a procurar papéis distantes do vivido na trilogia 50 Tons de Cinza (maior prova disso é a galhofa de Duas Tias Loucas de Férias/2021 que está no HBOMax). Quem diria que sentiriam falta de Christian Grey entre os indicados ao Oscar! Chora não, Jamie. Fica para a próxima.
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