Taylor e Nicholas: contra o peso da tradição.
Quem acompanha o blog sabe que não sou muito fã de comédias românticas. Quando se trata de um exemplar do gênero que cria certo burburinho e assisto sem achar nada demais, desperta então a estranha sensação que estou me tornando um velho rabugento. Foi assim que me senti ao ver Vermelho, Branco e Sangue Azul em cartaz no Prime Video. Baseado no livro de Casey McQuiston, a produção se tornou uma das mais faladas do catálogo da Amazon. No entanto, tirando algumas cenas calientes aqui e ali, o filme é feito para cair nas graças do público comum que não se incomoda de ver dois homens com cara e porte de modelo trocando beijos e amassos diante da câmera. Como 90% das comédias românticas, os dois começam se odiando, mas as circunstâncias irão exigir que fiquem próximos o tempo suficiente para perceberem que estão atraídos um pelo outro. O inevitável acontece até que se instaura uma crise e o final você já sabe qual é. O bom é que aqui a fórmula serve para evitar mais um filme em que personagens gays comem o pão que o conservadorismo amassou alcançando um resultado otimista. A diferença mesmo fica por conta dos dois rapazes serem representantes de duas das nações mais poderosas do mundo. Alex (Taylor Zakhar Perez) é filho da presidente dos Estados Unidos, Ellen Claremont (Uma Thurman) que encontra-se em campanha para reeleição, já o louro Henry (Nicholas Galitzine) é um príncipe do Reino Unido. Depois de um incidente desastroso, os dois precisam fingir que são amigos e a coisa progride mais do que eles imaginam. Para evitar escândalos, os dois preferem ser discretos com o sentimento que está rolando entre os dois, mas não demora para que os maiores temores de Henry venham à tona. Os dois personagens servem para uma analogia interessante sobre o olhar que temos sobre os EUA mais liberais e o peso da tradição da realeza nos ombros de Henry, mas obviamente que o filme não irá aprofundar muito os dilemas do moço e a crise no relacionamento não dura mais do que duas cenas. Existe uma alfinetada aqui e ali sobre a família real, sobre a forma do Tio Sam fazer política, mas tudo isso interessa menos do que exibir os corpos sarados dos protagonistas. O resultado é menos esperto que Mais que Amigos (2022), mas consegue ser mais interessante do que a insossa segunda temporada de Heartstopper (que estica duas ideias ao infinito em oito episódios que poderiam ser resumidos em três). Seja como for, o velho rabugento admite que é o tipo de filme que o público LGBTQIAPN+ não se importa de ver para passar o tempo, mas que os conservadores ainda se incomodam.
Vermelho, Branco e Sangue Azul (Red, White and Royal Blue / EUA - 2023) de Matthew López com Taylor Zakhar Perez, Nicholas Galitzine, Uma Thurman, Thomas Flynn, Bridget Benstead, Aneesh Sheth e Rachel Hilson. ☻☻☻
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