Danielle: quase no páreo de melhor atriz do Oscar2023.
Assim que Till foi exibido pela primeira vez, a atriz Danielle Deadwyler foi apontada para uma indicação ao Oscar de melhor atriz. Ainda que a produção seja de uma produtora sem muita experiência nas campanhas de "for your consideration" perante os votantes da Academia, a presença da protagonista do novo filme de Chinonye Chukwu entre as indicadas era tida como certa (mais até do que a presença de Viola Davis por A Mulher Rei). Eis que quando foi divulgada a lista de indicadas as duas ficaram de fora. A culpa acabou recaindo sobre os ombros inocentes de Andrea Riseborough (To Leslie) que teve sua primeira indicação ao careca dourado marcado por um gosto amargo. Ainda que Andrea recebesse a indicação por uma campanha de seus pares em redes sociais (e que posteriormente uma comissão da Academia considerou que não foi uma infração às regras de votação), seguiu-se a ideia de essa campanha toda nunca ter sido realizada por uma atriz afro-americana. A justificativa foi que as indicações de Viola e Danielle foram dadas como certas (e francamente mereciam mais do que Michelle Williams em Os Fabelmans), até que naufragaram na reta final. No meio de tanta confusão, Till acabou chegando no Prime Video sem o alarde que uma indicação ao Oscar lhe traria (e o filme poderia ter sido indicado em outras categorias como figurino e direção de arte que constroem uma competente reconstituição de época, além de uma indicação à fotografia). De resto, o filme parece um teledrama feito para arrancar lágrimas a todo custo da plateia. A diretora Chinonye Chukwu já havia realizado um filme muito mais sóbrio com Clemência/2019 (que deveria ter rendido uma indicação ao Oscar para a veterana Alfre Woodard, mas acabou lembrado só no BAFTA), aqui a diretora pesa a mão em uma história que por si só já pediria uma caixa de lenços inteira. A história é baseada na tragédia que se abateu na vida de Mamie Till-Mobley (Danielle Deadwyler), que vivia bem empregada e feliz com seu filho de treze anos, Emmett (Jalyn Hall) até que ela autorizou que ele fosse visitar os parentes no Mississipi em 1955. Ainda que ela tenha dado instruções claras de como a realidade por lá era complicada, nada adiantou diante do racismo impregnado por aquelas bandas. O menino foi retirado da casa de seus parentes e dado como desaparecido até ser encontrado desfigurado dentro de um rio. O crime brutal virou notícia e o choque de Mamie se tornou numa verdadeira cruzada por justiça. Obviamente que a luta desta mulher contra o racismo estrutural do Mississipi ganharia cores ainda mais inacreditáveis nos tribunais, mas serviu como o anúncio de que havia algo de muito errado entre os supremacistas autointitulados de boa gente perante o resto do país. A história em si é mais do que relevante e importante, mas o tratamento dado ao filme sofre com exageros na execução, o que faz algumas cenas soarem demasiadamente ensaiadas e outras feitas para ressaltar o óbvio sobre as emoções da protagonista. Com isso, por vezes o longa soa repetitivo e redundante. A sorte é que quando tudo isso é deixado de lado e Danielle Deadwyler surge parada diante da câmera, ela demonstra que o filme não necessitava da ausência de sutileza para comover. Danielle já havia chamado atenção em Vingança e Castigo (2021) e diante da potência que exibe aqui, arrisco que a Academia deverá ficar de olho nela para se redimir nos próximos anos. Aqui, a atriz apresenta como a dor de toda a família Till é bastante palpável, assim como dos outros afro-americanos que sentem suas vidas ameaçadas por um alvo fixado na cor de sua pele.
Till - A Busca por Justiça (Till / EUA - 2022) de Chinonye Chukwu com Danielle Deadwyler, Jalyn Hall, Frankie Faison, Whoppi Goldberg, Jamie Renell, Sean Patrick Thomas, Halley Bennett, Sean Michael Weber e Eric Whitten. ☻☻☻
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