domingo, 7 de abril de 2024

PL►Y: Meu Nome era Eileen

Thomasin e Anne: uma relação sombria.
 
Eileen (Thomasin McKenzie) é uma jovem que trabalha em uma instituição para jovens infratores. O ambiente é marcado pela hostilidade e uma masculinidade agressiva que povoa o imaginário da mocinha quase que como um fetiche. Os momentos em que ela tem fantasias com guardas e rapazinhos que vivem por lá parecem ser os melhores momentos do dia para ela, já que ao chegar em casa, ela precisa lidar com o pai (Shea Wigham), um policial aposentado e abusivo. A protagonista segue sua rotina de invisibilidade até que chega a nova psicóloga do local, a doutora Rebecca (Anne Hathaway) que é completamente diferente das outras pessoas que habitam a localidade. Além de inteligente, Rebecca ainda se penteia, se veste e se comporta como uma diva do cinema (e Anne Hathaway a encarna com um gosto impressionante). O cinema é uma referência bastante forte neste novo filme do diretor William Oldroyd, já que a fonte dos créditos e a fotografia investem em uma referência ao cinema do anos 1970, como se fosse uma alusão no que a história tem de transgressora. A trama é baseada no livro de Ottessa Mosfegh que também assina o roteiro (ao lado de Luke Goebel) e a produção. As transgressões aparecem na perspectiva diferente que Rebecca possui do seu trabalho e se intensificam quando o filme destacam o jovem Lee Polk (Sam Nivola), um dos prisioneiros do local. Lee foi parar lá por conta de um crime que causou revolta na população local, mas que toca diretamente em alguns elementos da vida da personagem título. Da mesma forma, quando o interesse mútuo entre Eileen e Rebecca se intensifica, a história da família Polk surge para dar conotações mais sinistras, especialmente após a visita da mãe (um ótimo trabalho de Marin Ireland) do rapazinho. Meu Nome Era Eileen segue por um caminho que denota que algo de muito ruim irá acontecer na trama e quando surge uma guinada assustadora no roteiro a coisa se torna arrepiante. O cineasta William Oldroyd é responsável por um dos melhores longas de estreia do século, o elogiado Lady Macbeth (2016) que apresentou Florence Pugh para o mundo. Oldroyd demonstrou uma precisão absurda ao contar aquela história e aqui ele faz o mesmo ainda que o roteiro não o ajude muito. Embora saiba criar a tensão necessária entre todos os personagens, o filme é repleto de diálogos que parecem gastos e alguns aspectos mereciam um trato mais aprofundado do que uma cena apenas (como a relação de Rebecca com os homens locais ou o comportamento dos jovens detentos). Com pouco mais de hora e meia de duração, o filme soa apressado e o final embora faça sentido, soa incompleto frente às possibilidades da narrativa. Ainda assim, o filme é bastante atmosférico, tanto que rendeu uma indicação ao Independent Spirit de melhor direção para Oldroyd, assim como para as performances coadjuvantes de Anne e Marin. No fim das contas, são os três que fazem o filme valer a pena. 
 
Meu Nome era Eileen (Eileen / EUA - Reino Unido - Coreia do Sul / 2023) de William Oldroyd com Thomasin McKenzie, Anne Hathaway, Shea Whigham, Sam Nivola, Siobhan Fallon Hogan, Owen Teague, Marin Ireland e Patrick Ryan Wood.   

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