Olli Johan Oskari Mäki nasceu em dezembro de 1936 na Finlândia. Desde jovem começou a se dedicar ao boxe. Em 1959, ainda como atleta amador, ganhou o título de campeão de peso leve europeu após ficar em segundo lugar dois anos antes. Após ser descartado pela delegação olímpica finlandesa em 1960, ele se tornou profissional e disputou títulos até 1973 com 23 vitórias, 14 derrotas e 8 empates. No entanto, o início de sua carreira profissional foi bastante complicada, especialmente quando seu técnico resolveu que ele deveria perder peso para disputar na categoria de peso pena. O filme finlandês O Dia Mais Feliz da vida de Olli Mäki se concentra neste início de jornada de uma figura ilustre do esporte local. O roteiro do diretor Juho Kuosmanen e de Mikko Myllylahti parece mais interessado nos bastidores deste período do que propriamente nos treinos e lutas disputadas por ele, a câmera na mão e a fotografia em preto e branco colaboram muito para criar uma atmosfera realista com base na linguagem documental - e ao chegar no resultado da famigerada luta contra Davey Moore, temos a impressão de saber exatamente o motivo daqueles dois rounds históricos no currículo de Mäki. Ao invés de construirem mais um filme motivacional como tantos outros que usam o boxe como alegoria, o diretor opta por buscar os sentimentos por trás do praticante de um esporte marcado pela força. Jarkko Lahti encarna um Olli Mäki discreto e um tanto deslocado com a fama conquistada. Fica notável sua inadequação com os encontros, jantares, fotos, entrevistas e toda publicidade que sua figura começa a gerar no país, uma pressão que aos poucos começa a pesar muito sobre ele. Olli é muito mais feliz quando está ao lado da namorada, Raija (Oona Airola) e o diretor capricha nas cenas em que os dois estão juntos. Elas parecem saídas de um romance clássico do cinema, especialmente pelo olhar apaixonado impresso pelo casal em cena. O treinador (Eero Milonoff) não vê com bons olhos aquele relacionamento, considera que pode atrapalhar o preparo para a luta, no entanto, ele continua achando uma boa ideia que Olli tenha que perder peso para mudar de categoria em sua vida profissional. É visível como a perda de peso é prejudicial para o atleta, que realiza medidas extremas para atingir o padrão que lhe é exigido (para além da atuação, Jarkko Lahti realiza uma transformação física notável ao longo da projeção). Ainda que exista toda uma tensão no preparo para a luta, o filme ainda consegue destacar alguns momentos cômicos, assim como cenas de sutil romantismo quando Olli e Raija estão juntos. Em determinados momentos, parece que e aquele sentimento é o que mais importa ao longo do filme, tanto que o título e a cena final parecem sinalizar que a felicidade do personagem foi finalmente se livrar de todo aquele stresse. O filme foi premiado na Mostra Un Certain Regard do Festival de Cannes e assim como o segundo filme do diretor (Compartimento nº6 / 2021) caiu no radar das premiações mundiais pela maneira envolvente com que aborda a relação de seu casal protagonista.
O Dia Mais Feliz da Vida de Olli Mäki (Hymyilevä mies / Finlândia - 2016) de Juho Kuosmanen com Jarkko Lahti, Oona Airola, Eero Milonoff, Esko Barquero, Elma Milonoff e Joonas Saartamo. ☻☻☻☻
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