Coronel, Hit Girl, Kick e Motherfucker: menos fôlego que o anterior.
Sequências são sempre complicadas, a de Kick-Ass parece ter sido mais ainda. Quando os quadrinhos de Mark Millar ganharam vida pelas mãos de Matthew Vaughn (2010) dividiu opiniões com seu humor regado à violência dos adolescentes no combate ao crime. Cenas de violência crua se fundiam à estética atraente criada para a sessão. A bilheteria em solo americano não chegou a chamar atenção, mas a presença do filme em várias listas de melhores do ano, além de ter aparecido entre indicados a premiações importantes, deram ao longa uma aura cult irresistível. No entanto a Universal relutou um bocado em dar sinal verde para a continuação. Tanto que Kick-Ass 2 chegou às telas somente três anos depois. Nesse meio tempo, seus astros Chloë Grace Moretz e Aaron Taylor-Johnson se tornaram requisitados para várias produções de Holywood enquanto distanciavam-se ainda mais da idade dos personagens. Quando o filme estreou todo mundo sabia o que lhes esperava, no entanto, a direção esperta de Matthew Vaughn fez falta na costura das cenas. Kick-Ass 2 está longe de ter a inventividade, fluência e graça do primeiro filme, já que o diretor Jeff Wadlow (que não fizera nada de relevante até aqui) torna as cenas de ação em grande bagunça e os personagens ficam menos interessantes. Kick-Ass (Aaron) não tem muito o que fazer em cena além de tentar convencer Hit Girl (Chloë) a se juntar a um grupo de heróis urbanos mascarados esquisitos - com discursos tão estranhos quanto seus nomes: Dr. Gravidade (Donald Faison), Vadia da Noite (Lindy Booth), Homem-Inseto (Robert Emm), Tommy's Parents (Monica Dolan e Steven Mackintosh) e Coronel (Jim Carrey, numa paródia do psicótico Comediante de Watchmen)... afinal, Hit Girl depois da morte do pai, mora com um policial bem intencionado (Morris Chestnut) que lhe pede para deixar a carreira de justiceira para trás. O problema é que na pele da inofensiva Mindy, a heroína passa maus bocados com as garotas mais populares da escola. Essa parte escolar do filme é tratada da forma mais insípida possível, deixando mais destaque para o retorno do riquinho Chris D'Amico (Christopher Mintz-Plasse), deixando o codinome Red Misty para trás e virando o supervilão Motherfucker, que recruta uma legião de seguidores maldosos para se vingar dos heróis - com destaque para a parruda Mãe Rússia (Olga Kurkulina). Ainda que funcione como passatempo, as cenas de ação são menos elaboradas que as vistas na primeira aventura dos personagens, da mesma forma, o filme carece de um ápice tão dramático quanto a que vimos anteriormente - embora aqui envolva o pai de um personagem como no anterior. O filme termina de forma irregular, sendo salvo da bobagem absoluta apenas pelo seu trio de jovens astros em ascensão, no entanto, o roteiro lhes reserva muito pouco para fazer nessa aventura, ou talvez, o diretor que não soubesse muito bem o que fazer com os personagens que tinha em mãos. Sem uma "causa" a defender (um retrato realista dos heróis em choque com o mundo real) o filme não empolgou nas bilheterias (a bilheteria americana mal rendeu lucro) e a terceira aventura de Kick-Ass nas telas ficou comprometida, enquanto Jeff Wadlow já tem seu próximo projeto agendado: o X-Force da Marvel previsto para 2016.
Kick Ass 2 (EUA-2013) de Jeff Wadlow com Aaron Taylor-Johsons, Chloë Grace-Moretz, Christopher Mintz-Plasse, Jim Carrey, John Leguizamo e Olga Kurkulina. ☻☻☻
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