Alexander: cavalheiro descamisado.
Estranhei bastante quando soube que estavam preparando mais uma versão de Tarzan para os cinemas tendo como astro o sueco Alexander Skarsgaard. Nada contra o ator filho do grande ator Stelan Skarsgaard, mas ainda que ele tenha trabalhado em papéis impactantes na TV (True Blood e o recente Big Little Lies), ou mesmo no cinema (Melancolia/2011 e Diário de Uma Adolescente/2015), Alexander sempre me parece um ator muito comportado e controlado, o que não significa que seja ruim, pelo contrário, é bastante esforçado, mas nunca parece sair da zona de conforto. No entanto, quando vi a concepção do novo filme eu entendi a escolha. Alexander tem um jeito que cai muito bem para encarnar um verdadeiro cavalheiro e ao começar mostrando a vida de Tarzan como um lorde, depois que está plenamente ajustado na vida em sociedade, a minha desconfiança se dissipou. O cineasta David Yates (que ficou famoso fazendo os episódios finais da série Harry Potter) ainda não demonstrou muita personalidade atrás das câmeras, mas parece ser uma escolha segura para que os estúdios invistam em uma produção de orçamento elevado e ganhando a atenção do público sem muita ousadia. Na trama, Tarzan já deixou a vida na selva africana e vive com a bela esposa Jane (Margot Robbie) em Londres. Agora ele é reconhecido pelo nome de batismo, John Clayton. O herói parece feliz em sua nova vida e não faz questão de visitar a terra onde ele cresceu... até que o Rei da Bélgica solicita sua ajuda para resolver alguns problemas diplomáticos no Congo. No início Clayton recusa a tarefa, mas é convencido por um americano, George Washington Williams (Samuel L. Jackson) e a esposa que está com saudade de suas origens. Chegando lá eles vão se deparar com um vilão (Christoph Waltz fazendo o de sempre) que instiga as disputas entre dois grupos de habitantes locais enquanto tenta atingir Tarzan em seu ponto mais fraco. A Lenda de Tarzan está longe de ser um filme surpreendente, mas prende a atenção por ser uma aventura bem realizada, que utiliza flashbacks para contar a origem do seu protagonista e inova ao mostrar uma Jane bem mais esperta do que poderia ser "uma donzela em perigo". Os efeitos especiais que dão vida aos animais são convincentes e a própria pendenga entre Tarzan e sua família selvagem também me parece bem explorada durante a história. É um filme de aventura tradicional que tenta fazer diferente do que já foi visto dezenas de vezes - afinal, é um dos personagens mais tradicionais das histórias em quadrinhos (foi lançado em 1912). O melhor é que o filme não compromete a essência do personagem e conta com um elenco competente para dar conta do seu recado com frágil verniz anti-colonialista.
A Lenda de Tarzan (The Legend of Tarzan/Reino Unido - Canadá - EUA) de David Yates com Alexander Skarsgaard, Margot Robbie, Samuel L. Jackson e Christoph Waltz. ☻☻☻
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