terça-feira, 15 de agosto de 2017

CICLO PIPOCA: Planeta dos Macacos - A Guerra

César (ao centro) e seus seguidores: jornada de respeito. 

Foi a primeira vez que vi a nova saga de Planeta dos Macacos no cinema e fiquei realmente impressionado com a quantidade de crianças de dez, onze anos no cinema. Lembrei do meu sobrinho, que era uma criança ao ver Planeta dos Macacos - A Origem (2011) e ficou fascinado com a figura de César, o chimpanzé que foi alvo de experiências e se torna super inteligente ao conviver com os humanos (e ajudou muito que estes fossem a família formada por James Franco e John Lithgow). Depois ele passou por maus bocados, a se ver novamente em um laboratório para depois liderar uma rebelião para libertar sua espécie. A cruzada do personagem prosseguiu em Planeta dos Macacos - O Confronto (2014) onde a tensão entre homens e macacos crescia, assim como havia divergências dentro do próprio grupo de César sobre a forma como seria a convivência entre os símios e a humanidade. Agora com Planeta dos Macacos - A Guerra acompanhamos apreensivos o desfecho da jornada do personagem. Durante os três filmes nós vimos a construção de um verdadeiro líder, da construção de seus ideais, de seus conflitos, conquistas e derrotas, por isso mesmo torcer para César nos parece tão natural, afinal, ainda que seja uma chipanzé, ele agrega uma humanidade irresistível. Obviamente que a atuação por captura de movimento de Andy Serkis foi definitiva para o sucesso do personagem (e se o Oscar lhe render uma estatueta especial pelo conjunto do seu trabalho estaria mais do que justificado). Outro destaque do filme é a direção de Matt Reeves, que pegou o bastão do diretor Rupert Wyatt (responsável pelo primeiro filme) no segundo filme e não hesitou em aprofundar ainda mais as possibilidades de mudar totalmente a perspectiva de um clássico do cinema. Não podemos esquecer que este terceiro filme termina tento ligação com o primeiro de toda a série, o antológico O Planeta dos Macacos (1968) onde o olhar de toda a narrativa era do astronauta vivido por Charlton Heston. Depois que Tim Burton se perdeu em seu confuso remake com Mark Wahlberg em 2001, foi preciso dez anos para colocar as ideias nos eixos e colocar a perspectiva na gênese daquele mundo, afinal, como os macacos dominaram nosso mundo. Entre as duas pontas que se ligam agora, o que salta aos olhos é a relação entre opressor e oprimido, como quem chega ao poder faz de tudo para permanecer ali, mesmo que isso signifique o genocídio de quem ameaça sua posição de comando. Por isso mesmo, Reeves investe numa narrativa clássica dos filmes de guerra - e o ato inicial é arrebatador ao conjugar ação e drama como os melhores do gênero para depois mostrar os prisioneiros vivendo em condições precárias após perderem tudo o que tinham, tudo comandado por um coronel militar (Woody Harrelson) que está tão certo de suas convicções que não consegue perceber o quão absurdas são suas ideias. É louvável que um filme desta magnitude consiga contar sua história, fazer sucesso de bilheteria e ainda fazer uma analogia tão vigorosa com o mundo em que vivemos. Planeta dos Macacos - A Guerra é o desfecho de uma repaginada que deu certo, justamente por se inspirar em uma obra clássica para criar algo novo e surpreendente. O segredo talvez esteja em algo que alguns filmes direcionados ao grande público tem deixado de lado em nome do espetáculo: construir um personagem realmente interessante em um conflito bem desenvolvido. Ave, César!

Planeta dos Macacos - A Guerra (War for the Planet of the Apes/EUA-2017) de Matt Reeves com Andy Serkis, Woody Harrelson, Steve Zahn, Toby Kebbel, Amiah Miller e Aleks Paunovic. ☻☻☻☻

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