Wolff e Brendan: estrela caída.
Sou muito solidário aos casos de bons atores que subitamente caem no limbo de Hollywood, seja por péssimas escolhas profissionais (que logo se transformam em mares de dívidas) ou por problemas pessoais, sempre me entristece ver a derrocada de um astro. Brendan Fraser é um desses casos. Ator de sucesso na década de 1990, o ator viu sua estrela despencar no final da década passada e até agora não conseguiu se levantar. Analisando sua carreira, percebemos que sua maré de azar coincidiu justamente com o período em que deixou de ser um garotão e precisava convencer em papéis mais maduros. Prestes a completar cinquenta anos, Fraser encontrou refúgio nas séries de TV e talvez sua carreira tenha uma segunda chance nas telas em algum tempo. Enquanto as grandes produções não o redescobrem, ele participa de alguns filmes independentes em papéis que lhe garantem o pão de cada dia, mas que ficam bem longe do radar do público. Um destes filmes foi Uma Dupla Genial do diretor Billy Kent - que não ajuda em nada a ressurreição astral do ator. Fraser tem uma participação especial como o melhor amigo de um gênio de 14 anos que queria estudar em Harvard e termina em uma universidade pouco conhecida - e acaba utilizando uma competição de perguntas e respostas para se vingar de um grupo de idiotas que o humilharam por não ter entrado para a cobiçada instituição. Fraser prova que não tem vaidades ao servir de escada para o adolescente Alex Wolff que vive o prodígio Eli Pettifog, pena que aos poucos, Wolff demonstra que não tem carisma suficiente para carregar o filme nas costas. Uma Dupla Genial (título que dá a ideia de que Fraser terá mais destaque na história, mas não se engane) começa promissor, sendo bastante simpático ao apresentar os dois personagens, mas depois de meia hora o filme já fica arrastado, sem saber explorar a tal competição de perguntas que fica cada vez mais repetitiva e desinteressante. Lá pela metade a impressão é que as ideias foram rareando e roteiro começou a investir em algumas cenas bobas de jovens universitários perdendo a chance de se tornar um filme realmente original sobre a relação de Eli e Leo (Fraser) - o amigo adulto divorciado que foi para faculdade. Para tentar um gancho dramático o filme cria até o reencontro de Leo com a filha que não vê faz tempo, mas se o filme não sabia para onde ir com o que já tinha em mãos, ele acaba desandando de vez com o sentimentalismo mais rasteiro. Uma Dupla Genial (nome que vende a ideia equivocada de que Fraser teria grande destaque na trama) ainda deixa a estranha sensação de conhecermos exatamente o motivo do ator ter sido esquecido pelos estúdios: tendo que dar conta de um homem já vivido, Brendan o interpreta da mesma maneira com que fazia seus personagens adolescentes de décadas atrás. É verdade que a ausência de um diretor experiente atrapalha, mas Brendan nunca me pareceu tão perdido quanto um personagem.
Uma Dupla Genial (Hair Brained/EUA-2013) de Billy Kent com Alex Wolff, Brendan Fraser, Parker Posey, Julia Garner, Toby Huss e Teddy Bergman. ☻
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