Ansel, Jamie, Elza e Jon: personagens em fina sintonia.
Antes de se tornar um filme cult de Nicolas Winding Refn, o livro Drive de James Sallis vivia sendo repaginado para ganhar as telas. Ao cair nas mãos do diretor dinamarquês (e do astro Ryan Gosling) o filme ganhou fãs ao contar a história de um piloto de fuga contratado por bandidos que se metia em encrencas variadas enquanto se apaixonava por uma garota frágil. Em Ritmo de Fuga poderia ser uma das versões do livro de Sallis para a telona, ou então, seja mesmo uma versão mais palatável do violento filme de Refn escrita pelo diretor e roteirista Edgar Wright. No entanto, isso não diminui em nada a produção de Edgar Wright que ficou famoso por misturar humor e alguma aventura em seus filmes anteriores (incluindo Todo Mundo Quase Morto/2004 e Scott Pilgrim/2010). Aqui, o diretor conta a história de Baby (Ansel Elgort), um rapaz com carinha de anjo que é um dos motoristas mais habilidosos que já apareceram numa tela. Pena que ele tem a alma vendida para um bandidão (Kevin Spacey fazendo o tipo de personagem que mais gosta) que o faz dirigir para bandidos pela cidade, assim Baby recebe um pequeno percentual dos roubos enquanto paga a dívida com o chefão. Porém, Baby quer outro rumo para a vida. Sempre com um fone de ouvido e cada vez mais apaixonado por uma garçonete adorável (Lily James) ele não vê a hora de quitar sua dívida, se livrar do submundo e viver em outro lugar. O mais interessante do filme é como Wright brinca com as expectativas da plateia, sempre trazendo surpresas quando menos esperamos. Curiosamente o filme parece que é feito em marchas, na primeira ele apresenta os personagens, na segunda ele meio que repete a primeira com alguns detalhes a mais. Depois ele engata a ré e diminui o ritmo, deixando uma impressão quase irregular de seu roteiro, mas depois quando engata a terceira, a quarta e a quinta ele demonstra que seu filme tem muito mais a oferecer do que se espera dele (e que para chegar até ali precisava passar por todas as outras marchas). Em Ritmo de Fuga se beneficia de muitos elementos, seja da forma como as músicas ditam o ritmo das cenas de ação (perceba como até os tiros adquirem a cadência da trilha sonora), ou os diálogos espertos - como a advertência de que você não pode deixar Buddy (Jon Hann) de rosto vermelho ou Griff (Joe Bernthal) dizendo que se não o vermos mais é porque ele morreu e... - e mistura humor irônico, ação e romance. Além de Wright firmar o promissor Ansel Elgort como astro e criar algumas das cenas de ação mais empolgantes do ano, o filme ainda se beneficia da esperteza de revelar seus personagens aos poucos, seja o próprio protagonista (de personalidade bastante peculiar) ou os seus ilustres coadjuvantes (e todos estão bem, parecendo uma fauna de tipos que não fariam feio nos textos mais urbanos de Tarantino). Não se engane com o início do filme, Em Ritmo de Fuga é mais do que um filme de carros correndo, tiros e explosões, ele possui mais a oferecer e não me surpreenderia se a bilheteria robusta empolgasse os produtores a fazer uma sequência. Ou duas... três...
Em Ritmo de Fuga (Baby Driver/EUA-Reino Unido -2017) de Edgar Wright com Ansel Elgort, Kevin Spacey, Lily James, Jon Hamm, Jamie Foxx, Elza González, CJ Jones e Sky Ferreira. ☻☻☻☻
Nenhum comentário:
Postar um comentário