sábado, 28 de julho de 2018

Na Tela: Do Jeito que Elas Querem

Diane, Candice, Jane e Mary: cinquenta tons desbotados. 

Ver grandes estrelas reunidas sempre chama atenção - e somadas, as quatro atrizes principais de Do Jeito que Elas Querem acumulam quatro Oscars e treze indicações ao prêmio máximo do cinema americano (o que não é algo para se desprezar). Embora Hollywood tenha uma dificuldade enorme para encontrar espaço para elas em produções voltadas cada vez mais para o público juvenil, elas se juntaram para provar que ainda podem carregar um filme com facilidade. O filme fez sucesso nas bilheterias americanas, graças também à esperteza de colocar quatro senhoras que se aventuram a ler a trilogia Cinquenta Tons. Em outros tempos, elas leriam O Amante de Lady Chaterly, ou a obra de Anaïs Nin ou Henry Miller, mas como o grande público perdeu estas referências faz tempo, o roteiro explora como o best-seller faz com que estas mulheres comecem a repensar a vida sexual e amorosa na terceira idade. Embora as personagens tenham personalidade distintas, acho curioso como um grupo de atrizes que viveram a revolução e sexual e o movimento feminista embarcaram num projeto em que encarnam mulheres que se surpreendem com a escrita pouco original de E.L. James. Enfim, nada que talento e carisma de Diane Keaton, Jane Fonda, Candice Bergen e Mary Steenburgen não sejam capazes de fazer. Elas vivem as amigas que se reúnem em um clube do livro mais para beber e bater papo do que para falar sobre literatura (e não existe problema algum nisso). Em cena temos Sharon (Candice), uma juíza bem sucedida que aposentou a vida sexual desde que se divorciou, a doce Carol (Mary), mulher com a vida sexual em crise ao lado do maridão (Craig T. Nelson, que faz a voz do Sr. Incrível nos cinemas, você sabia?), também conhecemos Vivian (Fonda) a típica a mulher de negócios que não tem tempo para se envolver emocionalmente com os homens que cruzam o seu caminho e a narradora Diane (Keaton), que ficou viúva a pouco tempo e tem que lidar com duas filhas (que pensam que ela agora é a criança da família). O filme começa animado com piadas que funcionam bem, mas perde o ritmo quando se rende a um esquematismo que retira muito de sua energia - afinal todas entram em crise ao mesmo tempo, conhecem seus pretendentes ao mesmo tempo, tem crise na relação ao mesmo tempo e tudo se resolve ao mesmo tempo... uma sincronia impressionante entre as amigas! O roteiro deixa a graça de lado e começa a enveredar por dramas superficiais que revela o quanto suas personagens maduras e experientes podem se comportar como verdadeiras adolescentes... pois é, isso mesmo que você leu. Os fãs dos livros de Christian Grey também irão perceber que as citações ao livro são poucas e nunca tem grande importância na história que está sendo contada. É um filme feito para divertir, mas que escorrega por não abordar suas personagens experientes de forma um tanto contraditória. Em cena são Candice e Mary que conseguem desenvolver melhor suas personagens, já que Fonda e Diane se repetem sem o menor pudor. Ao terminar, fica a sensação de que o longa serviu para passar o tempo, dar algumas risadas, mas não permanecerá na memória por muito tempo, uma pena, já que um elenco deste quilate merecia muito mais. 

Do Jeito que Elas Querem (The Book Club/EUA-2018) de  Bill Holderman com Diane Keaton, Jane Fonda, Candice Bergen, Mary Steenburgen, Andy Garcia, Alicia Silverstone e Richard Dreyfuss. ☻☻

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