sexta-feira, 13 de julho de 2018

PL►Y: Feito na América

Gleeson e Cruise: a vida milionária de um agente duplo. 

Faz tempo que Tom Cruise se dedica a filmes de ação e franquias famosas, mas deixou de se arriscar como fazia nos anos 1990 (onde ele ficava atento aos diretores que poderiam elevar sua carreira a outro patamar). É verdade que Cruise não precisa provar mais nada para ninguém, mas também é verdade que seus filmes são cada vez menos arriscados do que os de décadas atrás (daquele tempo em que ele concorreu ao Oscar de coadjuvante por Magnólia/1999 não se tem nem o cheiro), além disso o rompimento com a agente e sócia de longa data, Paula Wagner, também não ajudou - especialmente quando ela deixou de filtrar para a mídia e as excentricidades do ator começaram a chamar mais atenção que seus filmes. Enfim, ser Tom Cruise não deve ser fácil, especialmente quando você acaba de completar 56 anos e não dá mais para disfarçar que o tempo passa até para um dos rostos mais cultuados do cinema americano. Diante de tudo isso, ver Cruise estrelar um filme como Feito Na América significa que ele ainda tem disposição para navegar por mares diferentes. Fazia tempo que o astro estava de olho num filme sobre a história de Barry Seal, um piloto de avião que foi colaborador da CIA e ganhou muito dinheiro traficando drogas do Cartel de Medelin para os Estados Unidos. Barry se tornou um agente duplo, que foi esperto o suficiente para driblar a desconfiança da CIA e se livrar de investigações bancadas pelo FBI, a DEA e até pela Casa Branca. Mais do que mostrar um jogo de poder curioso (e que o personagem verídico soube utilizar em seu favor por muito tempo), o filme demonstra as entranhas da política antidrogas do governo Reagan. sempre exaltando como os EUA são uma terra de oportunidades. Atuando nos anos 1970 e 1980, Barry mudou de vida transportando quilos e quilos de cocaína para ganhar toneladas de dinheiro.  Vivendo um tipo desses, Tom Cruise capricha na ironia deste personagem, utilizando uma irresistível canastrice e a capacidade de rir de si mesmo (como no acidente em que fica coberto de pó ou na briga em que perde um dente). Seu trabalho ajuda a costurar um filme que é praticamente uma colagem frenética de episódios da trajetória tortuosa do personagem. Cruise conta ainda com a colaboração de duas outras pessoas para fazer o filme funcionar, a principal delas é o diretor Doug Liman, com quem trabalhou em No Limite do Amanhã (2014), responsável pelo ritmo enérgico da narrativa dona de uma edição esperta. O outro é Domhnall Gleeson que faz o agente da CIA responsável por recrutá-lo, livrá-lo e descartá-lo quando bem interessa. Em tom de comédia (mas não para gargalhar), um filme sobre Barry Seal funciona como bela sugestão para os ingênuos que pensam o mundo funciona dividido entre dois pólos imaculados que nunca se misturam. Lamento informar, mas... 

Feito na América (American Made/EUA-2017) de Doug Liman com Tom Cruise, Domhnall Gleeson, Sarah Wright, Caleb Landry Jones e Alejandro Edda. ☻☻☻☻

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