terça-feira, 24 de julho de 2018

PL►Y: Minha Prima Raquel

Rachel e Sam: romance e ambiguidades. 

Phillip (Sam Claflin) foi criado por um primo desde pequeno após perder os pais. Considerado um filho por ele, será o herdeiro de tudo. No entanto, em uma viagem, o primo conhece uma parente distante, com quem se casa e viverá distante. De vez em quando Phillip receberá cartas, em que o primo menciona que existe algo de errado com a esposa amorosa que se torna uma megera. Logo ela se torna viúva devido ao estado de saúde complicado do marido. Phillip considera que o primo sofreu um golpe, mas fica satisfeito em saber que a esposa oportunista teve seus planos fracassados por não ter sido mencionada no testamento. Certo de que a viúva não vale muita coisa, o herdeiro a convida para desmascará-la, mas quando ele a conhece, Raquel (Rachel Weisz), é tão bela quanto inofensiva - ou pelo menos, parece. De voz macia, gestos delicados e um senso de humor sutil, ela parece apenas uma vítima de circunstâncias e fatalidades, o que é capaz de mudar o olhar do rapaz sobre ela. Não vai demorar para ele se apaixonar pela prima e tentar agradá-la com pensões e joias, mas sempre com algumas, digamos, limitações. Minha Prima Raquel é uma das obras góticas mais conhecidas de Dauphne Du Marier - também autora de Rebecca e Os Pássaros. A primeira adaptação cinematográfica do livro aconteceu em 1952, sendo estrelada por Olivia de Havilland e Richard Burton e vista como um clássico com fãs fieis até hoje. A nova versão dirigida por Roger Michell (que tem como filme mais famoso Um Lugar Chamado Notting Hill/1999 com Julia Roberts, mas que já fez vários filmes ingleses que são pouco conhecidos por aqui) capricha no tom de romance proibido e trabalha as nuances de Raquel, deixando sua culpa e índole a cargo da plateia - que sempre fica em dúvida sobre o histórico da personagem. Se o diretor não traz nenhuma grande novidade no trabalho de direção, a incerteza diante do caráter da personagem torna o filme mais interessante.  Para cumprir esta tarefa, Michell conta com o talento de Rachel Weisz em uma atuação cheia de ambiguidades - que pode sustentar a impressão de que a viúva é realmente uma mulher ardilosa, ou apenas uma bela incompreendida  numa sociedade centrada nos interesses masculinos. As camadas da personagem nos fazem lembrar que Rachel já fez todo tipo de papel e tem um Oscar da estante (coadjuvante por O Jardineiro Fiel/2005), por isso mesmo, fiquei surpreso com escalação e desenvoltura do promissor Sam Claflin como seu parceiro de cena. O rapaz que ficou famoso com sua atuação em Como Eu Era Antes de Você (2016) demonstra aqui ser capaz de voos cada ambiciosos nos próximos anos. Minha Prima Raquel dificilmente se tornará um clássico, mas pode envolver o espectador que curte romances de época um tantinho mais complexos. 

Minha Prima Raquel (My Cousin Rachel / EUA - Reino Unido / 2017) de Roger Michell com Sam Claflin, Holliday Grainger, Iain Glenn e Pierfrancesco Favino. ☻☻☻

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