terça-feira, 29 de dezembro de 2020

PL►Y: Tenet

 
David e Robert: leite de pedra ao contrário. 

Difícil analisar e classificar Tenet como um fracasso nas bilheterias diante do seu lançamento em 2020. O diretor Christopher Nolan acreditou que os maiores perigos da pandemia mundial já haviam passado e bateu o pé para que seu novo filme fosse lançado nos cinemas no início de setembro. Com orçamento de  cerca de 205 milhões de dólares, o filme arrecadou pouco mais de 57 milhões nos Estados Unidos  (mas ao redor do mundo se pagou com mais de 300 milhões). Se foi pouco em vista ao que era esperado, pelo menos tem a desculpa de que por mais que o público estivesse curioso para ver o novo projeto do diretor de A Origem/2010, o medo de ficar doente era muito maior. Recentemente lançado on demand, chegou a hora de quem não assistiu ver o filme e quem já viu, rever e tentar entender um pouco melhor a história que temos aqui. Se bem que a história é bastante simples: um cara malvado (Kenneth Brannagh) descobre uma tecnologia futurista que consegue reverter o tempo e dois agentes (John David Washington e Robert Pattinson) precisam impedi-lo antes que ele destrua o mundo. O resto são duas horas e meia tentando explicar o inexplicável com alguns momentos dedicados à esposa do vilão (Ellizabeth Debicki) que está presa em um relacionamento abusivo. A ideia de Tenet é bastante interessante, mas sua execução está longe de ser das melhores. Embora todas as ideias de tempo reverso chame a atenção, o filme peca ao tentar construir uma história envolvente. É verdade que o filme tem cenas espetaculares, mas todo o resto é formado por dois personagens andando e falando o tempo todo de forma explicativa. Não sei se ao assistir a este tipo de filme as pessoas querem entender tanto a física do que está acontecendo. Me diga que existe uma tecnologia maluca que faz aquele tipo de coisa que eu já estou satisfeito. Por esta preocupação de ser didático o filme parece emperrado a maior parte do tempo e não ajuda o fato dos personagens serem dotados de uma frieza  quase absoluta. Faz tempo que Nolan é criticado pelos truques narrativos que utiliza, mas para seus fãs isso é puro estilo ao construir filmes inovadores e envolventes, Tenet pode até ser inovador na forma como lida com seus rewinds inseridos na narrativa (em alguns momentos as risadas são inevitáveis) mas é bem menos envolvente do que deveria. Só os momentos reversos não seguram duas horas e meia de filme. Os próprios truques do roteiro sobre a mulher misteriosa que pula do barco, a luta invertida que se explica na segunda parte e o desfecho murchos perdem muito de seu elemento surpresa por já imaginarmos o tipo de artifício que o diretor é capaz de usar. Dá até pena do elenco que tenta tirar leite de pedra com um roteiro que se enrola demais para fingir que tem muita coisa para contar. Tenet é tão pretensioso quanto cansativo e demonstra que Nolan, debaixo de tudo que apresenta aqui, se repete. Por tudo isso e por ter muito da estrutura de A Origem, o filme é a minha maior decepção do ano.  

Tenet (EUA-Reino Unido / 2020) de Christopher Nolan com John David Washington, Robert Pattinson, Ellizabeth Debicki, Kenneth Brannagh e Martin Donovan. ☻☻

Nenhum comentário:

Postar um comentário