Pode se dizer que Zeke (Pete Davidson) está no final da adolescência. Ele já terminou o Ensino Médio e resolveu não fazer faculdade. Ele também não liga muito para trabalho, já que assim que arranja algum não faz esforço algum para mantê-lo, afinal de contas, o trabalho toma demais o seu tempo - que poderia ser aproveitado conversando com os amigos, bebendo ou usando drogas. Embora já tenha passado dos vinte anos, ele namora uma garota aparentemente mais jovem, a Holly (Sydney Sweeney), e tem entre seu grupo de amigos um garoto de 16 anos, Monroe (Griffin Gluck), irmão mais novo de uma namorada que permanece fascinado por aquele figura irresponsável. Monroe e Zeke não poderiam ser mais diferentes, enquanto o primeiro tem toda uma postura de bom moço, o segundo não se preocupa com muita coisa. No entanto, a influência de Zeke irá colocar Monroe em situações complicadas, especialmente quando descobre que o rapazinho de aparência inocente e insuspeita é capaz de ser seu distribuidor de drogas em festas adolescentes. Este é um resumo do que acontece em Amizade Adolescente, filme de estreia de Jason Orley como diretor e roteirista que começa bastante despretensioso e cresce aos poucos se tornando uma experiência surpreendente. Afinal, durante toda a sessão eu fiquei especulando sobre o que fazia Monroe ser tão próximo de Zeke e não parava de pensar em quando ele era mais novinho e tinha um rapaz mais velho em casa para conversar e lhe contar algumas bobagens. Imaginei a admiração que Zeke despertou naquele menino que demora para perceber que ele cresceu, mas Zeke nem tanto - e isso se torna um problema a partir de determinado ponto da história e desperta muita preocupação do pai (Jon Cryer da série Two and a Half Man em um ótimo trabalho sério) que há tempos parece perceber que o ex-namorado da filha não é boa companhia nem para si mesmo. Enquanto Monroe ganha fama de traficante descolado entre os colegas da escola, suas primeiras experiências amorosas e sexuais começam a evidenciar como ele e seu mentor são diferentes - já que as dicas que ele oferece são realmente desastrosas. Conforme a trama avança o filme demonstra que seu maior mérito é saber equilibrar drama e comédia, tendo vários momentos engraçadinhos calcados nos personagens que se recusam a crescer e outros dramáticos quando Monroe percebe que está na hora de descobrir sua verdadeira identidade no meio da confusão de referências enfrentada na adolescência. Vale destacar que um aspecto fundamental para o filme funcionar é a química entre Gluck (rosto conhecido nas séries Locke & Key e Vândalo Americano, ambas da Netflix) e Davison (humorista de stand up que também fez parte do elenco do antológico Saturday Night Live) que sabem dosar exatamente o carisma de cada personagem. Amizade Adolescente (o título no Brasil também é desastroso para o original Big time Adolescence) começa como um filme bobinho para passar ao tempo e aos poucos é lapidado para se revelar uma verdadeira pérola dos filmes adolescentes que merece ser descoberta por oferecer bem mais do que aparenta.
Amizade Adolescente (Big time Adolescence/EUA-2019) de Jason Orley com Griffin Gluck, Pete Davison, Jon Cryer, Sydney Sweeney, Emily Arlook, Julia Murney, Oona Lawrence e Thomas Barbusca. ☻☻☻☻
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