sexta-feira, 30 de julho de 2021

PL►Y: A Arte de Ser Adulto

 
Pete Davidson: do Saturday Night Live para a tela grande. 

Eu nunca tinha ouvido falar de Pete Davidson. A primeira referência que tive sobre ele foi quando assisti recentemente Amizade Adolescente (2019) e pesquisei um pouco mais sobre sua carreira. Fiquei sabendo que ele trabalhou no Saturday Night Live e que está em ascensão em Hollywood. O mais engraçado é que no meio da pandemia ouvi comentários positivos sobre o novo filme de Judd Apatow e ao vê-lo disponível  no streaming, descobri que o protagonista era o próprio Pete. Depois que o filme terminou me dei conta de que parte da história é inspirada na própria vida do rapaz... De certa forma toda a minha desinformação colaborou bastante para que eu embarcasse nesta comédia dramática do diretor de Ligeiramente Grávidos (2007) e Bem Vindo aos 40 (2012) que tem temperado seus filmes com doses dramáticas. Considero que aqui ele alcançou seu melhor resultado, embora ele ainda tenha dificuldades de realizar cortes para deixar o filme mais enxuto, um corte de trinta minutos poderia fazer milagres em A Arte de Ser Adulto, mas do jeito que está já é bastante interessante. A trama gira em torno de Scott (Pete Davidson), um rapaz que não terminou o Ensino Médio e a irmã está prestes a ir para a faculdade. Scott também não trabalha e passa a maior parte do tempo vendo televisão e fumando maconha com os amigos. Scott mora com a mãe (Marisa Tomei, ótima) que se desdobra em dois trabalhos para dar conta das despesas da casa. O moço tem um "projeto" de relacionamento com uma amiga (Bel Powley bem diferente do habitual) que nunca é assumido como compromisso. A vida de Scott está simplesmente estagnada e sua mãe atribui isso ao fato dele ter TDA (Transtorno de Déficit de Atenção), mas ele considera que sua vida piorou muito depois que o pai, que era bombeiro, morreu em serviço quando ele tinha sete anos de idade.  O fato é que embora o filme seja uma comédia com pendores dramáticos, Scott tem um olhar bastante sombrio sobre a vida. É verdade que todo jovem passa por esta fase, mas enquanto a maioria faz disso a chance de fazer diferente, pessoas como Scott preferem cruzar os braços e ver a vida passar. Por ele, a vida continuaria do jeito que está para sempre e não teria problema algum. Se a irmã tenta lhe abrir os olhos (inutilmente) é quando a mãe arranja um namorado (que acaba conhecendo por consequência de uma inconsequência do filho), a vida dele recebe a oportunidade brusca de mudança. É então que surge o conflito entre Scott e o futuro padrasto, Ray (Bill Burr) e mudanças começam a acontecer na vida do rapaz. Muita gente irá estranhar a cadência desacelerada do filme e o desenvolvimento quase episódico da trama, mas confesso que eu gostei da forma como Appatow costura sua história que se torna até imprevisível diante do relacionamento que constrói entre os personagens (defendidos de forma inspirada por todo o elenco). Aos poucos A Arte de Ser Adulto se distancia das mazelas que a comédia americana tem feito com este tipo de protagonista e busca camadas mais elaboradas para se desenvolver. Seguindo por caminhos diferentes do habitual, o filme consegue ser original e envolvente, se tornando uma grata surpresa que foi até lembrada em algumas premiações. 

A Arte de Ser Adulto (The King of Staten Island / EUA -2020) de Judd Apatow com Pete  Davidson, Marisa Tomei, Bill Burr, Maude Apatow, Ricky Velez, Lou Wilson, Moises Arias e Pauline Chalamet. ☻☻☻

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