Shue e Cage: triste história de amor.
Em entrevista recente o ator Nicolas Cage declarou que não pretende parar de fazer filmes, pelo contrário, pretende atuar até o fim da vida. Como nos últimos anos o ator tem aceitado todos os convites que chegam à sua mesa, o que lhe garante uma média de seis filmes por ano - e a grande maioria deles é de qualidade bastante questionável - a declaração de Cage virou motivo de chacota para muita gente (que considerou a afirmação uma espécie de ameaça). Existe de fato um motivo para Cage fazer todo tipo de filme, afinal, ele contraiu uma dívida enorme por não saber administrar sua fortuna e tudo se agravou com problemas fiscais... enfim, o melhor de tudo é que Cage leva a situação na brincadeira e chama atenção para produções que sem a presença dele passariam em branco. Nesse fim de semana resolvi lembrar ao público que Cage ainda é talentoso e possui alguns filmes que merecem ser lembrados, começando por Despedida em Las Vegas, produção que lhe rendeu vários prêmios, incluindo o Oscar de Melhor Ator. Dirigido por Mike Figgis o filme conta a história de Ben Sanderson (Cage), roteirista de Hollywood que perdeu seu emprego, carreira e todo o resto devido a problemas com o álcool. O divórcio e as circunstâncias que o fizeram perder a guarda do filho também se tornaram motivos para que se entregasse cada vez mais à bebida. Sem ver muita motivação para continuar a viver, ele vai para Las Vegas com a intenção de beber até a morte. Diante do inferno astral que atravessa, a tarefa suicida parece ser fácil de ser executada, até que ele conhece Sera (Elizabeth Shue, linda, talentosa e merecidamente indicada ao Oscar de Melhor Atriz pelo papel), uma prostituta de luxo que também tem suas cota de dramas pessoais, mas que passa a fazer companhia para Sam. Trata-se de uma das histórias de amor mais bonitas e tristes que o cinema já ousou contar, até mesmo porque joga com a percepção da plateia de que o amor é capaz de transformar aquelas vidas e salva-las da ruína, esmo que o diretor Mike Figgis faça questão de deixar claro que esta não é uma história de amor comum e, portanto, o final feliz pode nunca se concretizar. Decorado com momentos idílicos e outros bastante sombrios sobre a rotina do casal, conta muito a favor o tom melancólico embalando a química perfeita de Nicolas e Elizabeth que estão perfeitos em cena, num encaixe verdadeiramente perfeito entre seus personagens - e resta a plateia torcer para redenção de ambos e se emocionar durante a sessão. Para fazer o filme do jeitinho que imaginou, Figgis fugiu dos grandes estúdios (foi parara na United Artists de Robert Altman) e teve a sorte de Nicolas Cage acertar o papel principal, o que rendeu grande projeção ao longa. O resultado foram 32 prêmios e quatro indicações ao Oscar: diretor, roteiro, atriz e ator (único convertido em estatueta). O tempo revelou o filme como a obra-prima de Mike Figgis e somente em 2003, a Academia lembrou novamente de Nicolas Cage por sua atuação, no excelente Adaptação de Spike Jonze. Vale conferir os dois filmes, especialmente se você já esqueceu como Nicolas Cage é realmente um bom ator.
Despedida em Las Vegas (Leaving Las Vegas / EUA - 1995) de Mike Figgis com Nicolas Cage, Elizabeth Shue, Julian Sands, Steven Weber e Richard Lewis. ☻☻☻☻
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