Benoit (Réphaël Ghrenassia) é novo na escola. Quem já passou por isso (e quem nunca passou?) sabe que é um período complicado. Aqueles dias de parecer estar pisando em ovos enquanto precisa conviver com pessoas que nunca viu na vida. A necessidade de ser aceito logo se junta à outra necessidade: fazer amigos. Olhando aquelas crianças na estranha fase de transição para a adolescência parece ainda mais difícil a tarefa de estabelecer novas amizades, afinal, tudo é ampliado pela insegurança e efervescência hormonal da adolescência. Esta fase de transição para a vida pré-adulta é um dos pontos que fazem O Novato de Rudi Rosenberg estar acima da média, mas o que mais achei interessante é como o filme aos poucos se torna um retrato bastante espontâneo do que é fazer amigos. Benoit até tenta fazer amizade com uns meninos que parecem populares, mas não demora para que demonstrem ser completos idiotas implicantes. Fosse um filme americano, a grande jornada de Benoit seria em busca de popularidade, namorar a garota mais bonita da escola e fazer amizade com alguns personagens estranhos estereotipados. Como O Novato é um filme francês, aos poucos ele começa a se aproximar de alguns personagens de forma bastante natural, assim, aparece aquele colega engraçadinho que senta ao lado dele no refeitório, o garoto de óculos que pretende ser representante de turma e uma menina com deficiência que ainda enfrenta comentários maldosos em toda parte. Obviamente que o pequeno Benoit também terá um interesse amoroso, mas este não é o ponto principal do filme. O mais interessante é notar como os personagens se aproximam e descobrem afinidades meio que por acaso e aprendem que não precisam de uma multidão de pessoas para terem bons momentos de conversa e diversão. É verdade quem em alguns momentos o pai de Benoit parece ter a mesma idade que os colegas do filho (e a forma como ele ensina os meninos a lidarem com comentários maldosos é quase didático em sua espontaneidade), mas o efeito só amplia a ideia de que crescer é um exercício contínuo. Filmado de forma simples com atores desconhecidos e muito eficientes, o longa carrega um maior jeitão de improviso, sem muita intervenção da diretora em tom quase documental (mera ilusão, já que é o tipo de trabalho mais difícil de se fazer na condução dos atores), O Novato se torna uma pequena pérola sobre uma fase da vida que aparece muitas vezes em terceiro plano em outros filmes, aqui, o cento da narrativa está justamente nestes personagens que ainda estão aprendendo a crescer e, neste trajeto, estar em boa companhia é fundamental.
O Novato (Le Nouveau / França - 2015) de Rudi Rosenberg com Réphaël Ghrenassia, Joshua Raccah, Géraldine Martineau, Guillaume Cloud-Roussel, Johanna Lindstedt e Max Boublil. ☻☻☻☻
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